São Paulo 27/7/2021 – Os mais ativos têm melhor desenvolvimento neuromuscular, na formação do aparelho locomotor (ósseo e muscular), na interação social e até da autoestimaO ortopedista pediátrico David Nordon comemora a iniciativa e afirma que as práticas são essenciais para o desenvolvimento saudável dos ossos e músculos dos pequenos
No final de junho, o Ministério da Saúde lançou o primeiro Guia de Atividade Física Brasileiro, onde orienta e recomenda a prática de exercícios nas diferentes fases da vida (crianças até 5 anos; crianças e adolescentes até 17 anos; adultos; idosos; gestantes e puérperas; educação física escolar e pessoas com deficiência). O documento, elaborado em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), envolveu mais de 70 pesquisadores da área da atividade física e da saúde, bem como técnicos do ministério e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). No guia, constam também recomendações sobre a quantidade, a intensidade e os exemplos de atividades aeróbicas, de força e de equilíbrio, além de indicações para um estilo de vida ativo.
Segundo o médico ortopedista pediátrico David Nordon, a iniciativa é motivo de grande comemoração, já que estudos comprovam que a prática de esportes na infância tem grande importância no desenvolvimento das crianças e adolescentes e que os benefícios não são apenas físicos. “Os mais ativos têm melhor desenvolvimento neuromuscular, na formação do aparelho locomotor (ósseo e muscular), na interação social e até da autoestima, o que gera a sensação de bem-estar e pertencimento aos grupos que participam. Além disso, reforça o sistema imunológico e previne doenças ligadas à obesidade infantojuvenil, infelizmente muito comum mundialmente por conta da má alimentação e do sedentarismo. Aqui no Brasil não é diferente”, comenta.
O médico ainda conta que a atividade física na infância estimula o desenvolvimento dos cinco gestos olímpicos, que são a base de quase todos os esportes: correr, saltar, pedalar, arremessar e nadar. “A maioria dos esportes reúne esse conjunto de movimentos, que determina a melhora simultânea da capacidade neurológica e muscular da criança”, explica.
Segundo dados de 2019 do Ministério da Saúde, estima-se que no Brasil, 44,8% da população não realiza o mínimo de atividade física recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “O sedentarismo por parte dos adultos afeta a vida das crianças, já que elas não têm incentivo. Com a pandemia do novo coronavírus, todos foram privados das suas atividades cotidianas, o que incluiu as práticas esportivas. No entanto, é importante ressaltar que os mais ativos têm o sistema imunológico fortalecido, o que é positivo na prevenção de doenças. São beneficiados também com a melhora na qualidade do sono e na saúde do coração. De forma segura e seguindo os protocolos indicados pelas autoridades de saúde, vale a pena voltar a investir no esporte”, orienta Nordon.
“A escolha da prática ideal para cada criança é muito particular. A minha orientação é que sempre seja respeitada a vontade dela; que façam o que mais gostarem. Na primeira fase da vida, o esporte deve ser encarado como uma atividade lúdica; uma brincadeira. O estímulo competitivo deve ser mínimo e a exigência de excelente performance também. Dos dois aos cinco anos, ofereça circuitos, com diferentes tipos esportes, por exemplo; a natação pode ser iniciada antes do primeiro ano de vida; dos seis aos nove anos, os pequenos já podem frequentar as escolinhas de futebol, basquete, judô e natação; dos 10 aos 12 anos, já estão aptos para todos os esportes coletivos de quadra, tênis, artes marciais e demais modalidades.”
Assim como o sedentarismo é prejudicial à saúde, o excesso de exercícios também pode prejudicar o desenvolvimento dos pequenos, bem como a exigência dos pais no que se refere ao desempenho e superação no esporte. “O ideal é que a criança esteja ativa na modalidade escolhida três vezes por semana. Caso haja intensidade nos treinos, rever o tempo de descanso. O exagero causa lesões graves nos ossos e músculos e exige tratamento médico especializado. Além disso, causa frustrações e problemas psicológicos que, perduram, inclusive, na fase adulta”, finaliza o ortopedista pediátrico.
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