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A pandemia da Covid-19 ensinou para o mundo inteiro a importância da vacinação. Mas, por outro lado, as ordens de permanência em casa causaram uma diminuição sem precedentes na administração de vacinas rotineiramente recomendadas em todo o mundo. No Brasil, não foi diferente. Hoje, o país enfrenta a menor taxa de adesão à vacinação dos últimos anos. 

Em 2020, segundo o DataSUS, a cobertura vacinal geral da população não chegou a 67%. Já em 2021, pouco mais de 50% das pessoas foram vacinadas, levando em consideração os imunizantes disponíveis no Programa Nacional de Imunizações (PNI). Quando o assunto é vacinação de adultos, o cenário se agrava. Como crianças e idosos são os maiores alvos das campanhas nacionais, jovens e adultos muitas vezes acabam negligenciando o cartão de vacinas, perdendo oportunidades importantes de imunização.

Segundo Patrícia Vanderborght, responsável pelo setor de Imunização Humana do Richet Medicina & Diagnóstico, o declínio da cobertura vacinal é um problema observado desde 2015, mas a pandemia aumentou a abstenção. “Adultos, idosos, adolescentes, pacientes especiais – como aqueles em tratamento de câncer –, existe um esquema vacinal pensado para todo público e todos devem manter o cartão de vacina atualizado”, destaca.

Faz parte do calendário de vacinação dos adultos, por exemplo, a vacina contra o vírus do HPV, que protege especialmente contra o câncer de colo do útero, que hoje mata mais de 6 mil mulheres por ano no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA). “Muita gente fica confusa com relação a essa vacina, pois no sistema público ela só está disponível até a faixa dos 15 anos. Mas, na realidade, ela pode – e deve – ser aplicada em pacientes adultos, homens e mulheres”, ressalta Vanderborght.

A especialista alerta ainda que, ao contrário do que muitos pensam, a vacina do HPV é recomendada, inclusive, para adultos previamente infectados. “O imunizante abrange quatro tipos de vírus HPV do sorogrupo 6, 11, 16 e 18, que são os principais responsáveis por infecções persistentes e lesões pré-cancerosas, e, muito dificilmente, uma pessoa é infectada por mais de um tipo. Ou seja, com a vacinação ela garantirá a prevenção da infecção pelos outros tipos”, explica. 

A partir dos 50 anos, são indicadas as vacinas contra a pneumonia. “Existem dois tipos: a pneumocócica 13 e a pneumocócica 23, que possuem esquema vacinal complementar, ou seja, são diferentes do ponto de vista molecular e interagem para uma imunização mais abrangente”, destaca. A partir desta faixa etária também é indicada a vacina de Herpes zoster, que pode beneficiar mesmo aqueles pacientes que já desenvolveram a doença. “Nesse caso, é aconselhado aguardar o intervalo de um ano entre o quadro agudo e a vacinação”, explica Vanderborght. “A tríplice bacteriana, que tem validade de 10 anos, também deve ser atualizada, principalmente para adultos que terão contato com recém-nascidos ou imunossuprimidos”, destaca. 

Ainda segundo a especialista, outras vacinas importantes, como as que previnem as doenças de transmissão respiratória, como a da gripe, meningite e sarampo, devem estar sempre em dia. “Isso vale também para as vacinas para doenças de transmissão pela água e alimentos, como hepatite A e febre tifoide, e a dose de reforço para adulto da pólio, que podem ser indicadas em casos específicos de risco epidemiológico. O mesmo vale para profilaxia contra raiva”, acrescenta.