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  • Brasil não conquista títulos, mas vai bem no Dakar

    Brasil não conquista títulos, mas vai bem no Dakar

    Representantes do país venceram oito especiais em quatro categorias

    A delegação brasileira enfrentou uma dura edição do Rally Dakar, que se encerrou nesta sexta-feira (19), depois de ter iniciado no dia 5 de janeiro.

    Ao todo, foram 12 especiais – trechos cronometrados, equivalentes a um dia de corrida –, além do prólogo que definiu a ordem de largada.

    Disputado na Arábia Saudita, o Dakar impôs às duplas do país uma rotina rigorosa e incerta, que incluiu noites sem dormir, acidentes, dias perdidos no deserto e até a interferência de piratas do Mar Vermelho.

    Com 17 representantes, divididos em duplas ou com parceiro estrangeiro, os competidores do Brasil venceram oito especiais nas quatro categorias que disputaram – em todas, havia nomes listados entre os favoritos.

    Na categoria Carros, o país contou com três veículos (veja abaixo). A grande expectativa estava com Lucas Moraes, que estreava como piloto de uma equipe grande e retornava à prova depois de conquistar o primeiro pódio da história para o Brasil, em 2023.

    Agora com o navegador espanhol Armand Monleón, Moraes venceu a terceira especial e ocupou o terceiro lugar na classificação geral durante quatro dias. No penúltimo dia, quando já passava à vice-liderança, uma quebra da suspensão nos quilômetros finais tirou-lhe a chance do segundo pódio consecutivo.

    Mais destaques – O país foi mais numeroso na categoria UTV T3, na qual a dupla Marcelo Gastaldi e Cadu Sachs chegou forte, vencendo a 10ª e a 12ª especiais e terminando em sétimo ao final dos 4.692 km de corrida. Com o quinto lugar, outro destaque foi o navegador Gustavo Gugelmin, que correu novamente em parceria com o piloto norte-americano Austin Jones. A vitória na primeira especial passou perto: Gugelmin e Jones chegaram em segundo.

    A UTV T4 ofereceu momentos de emoção variada. Para começar, a dupla formada pelo campeão sul-americano de Rally Raid, Rodrigo Varela, e o navegador Enio Bozzano Junior teve que arrumar um carro às pressas, faltando poucos dias para a prova.

    O navio que levava seu equipamento teve que usar uma rota milhares de quilômetros mais longa para fugir de piratas do Iêmen no Mar Vermelho – os mesmos que continuam no noticiário por atacarem grandes cargueiros, causando um embaraço internacional.

    De carro improvisado e mal-acabado, o duo surpreendeu vencendo a primeira especial e ocupando as primeiras posições até a quebra do carro, na sexta especial, o que os obrigou a passar duas noites isolados no deserto, racionando água e comida.

    Na mesma categoria, o Brasil teve um competidor eficiente em Cristiano Batista, que formou dupla com o navegador espanhol Fausto Mora. O duo venceu a nona especial e, assim como Varela/Bozzano, figurou entre os principais nomes durante praticamente todos os dias.

    O maranhense Marcelo Medeiros foi um nome dominante na categoria Quadriciclos. Vencedor da primeira, segunda e quinta especiais, ele ocupou a liderança da classificação geral e parecia caminhar para o título até sofrer um acidente na sétima especial.

    O Dakar 2024 percorreu 7.891km na Arábia Saudita, com 4.692km de especiais. Os 778 inscritos de 72 nacionalidades foram divididos em oito categorias. Confira quem foram os campeões e todas as informações, abaixo.

    A equipe dos brasileiros Rodrigo Varela e Enio Bozzano Júnior finaliza o Dakar
    (Magnus Torquato/Fotop)



    Brasileiros no Dakar

    Carros – T1
    *Lucas Moraes (BRA)*
     / Armand Monleon (ESP), Toyota GR DKR Hilux, 9º colocado. Venceu a 3ª especial
    Cristian Baumgart (BRA) / Alberto Andreotti (BRA), Prodrive Hunter, 13º colocado
    *Marcos Baumgart (BRA) / Kleber Cincea (BRA)*, Prodrive Hunter, abandonou por quebra

    Quadriciclos
    Marcelo Medeiros (BRA)
    , Yamaha Raptor 700, não completou. Venceu a 1ª, 2ª e 5ª especiais

    UTVs T3

    Austin Jones (EUA) / Gustavo Gugelmin (BRA), Can-Am Maverick XRS Turbo, 5º colocado
    Marcelo Gastaldi (BRA) / Carlos Sachs (BRA), Taurus T3 Max, 7º colocado. Venceram a 10ª e 12ª especiais
    Oscar Peralta (PAR) / Lourival Roldan (BRA), Can-Am Maverick X3, 11º colocados
    Gunter Hinkelmann (BRA) / Fabricio Bianchini (BRA), Taurus T3 Max, 22º colocados

    UTVs T4
    Cristiano Batista (BRA) / Fausto Mora (ESP), Can-Am Maverick XRS Turbo. 7º colocados. Venceram a 9ª especial
    Jorge Wagernfuhr (BRA) / Humberto Ribeiro (BRA), Polaris RZR Pro R, 14º colocados
    Rodrigo Varela (BRA) / Enio Bozzano Junior (BRA), Can-Am Maverick XRS Turbo. Abandonaram por quebra. Venceram a 1ª especial

    RESULTADOS

    Campeões da edição 2024
    Categoria Carros: Carlos Sainz (ESP) / Lucas Cruz (ESP), Audi RS Q e-tron E2

    Motos: Ricky Brabec (EUA), Honda CRF 450 Rally
    Quadriciclos: Manuel Andujar (ARG), Yamaha Raptor 700
    UTVs T3: Cristina Gutierrez Herrero (ESP) / Pablo Moreno Huete (ESP), Taurus T3 Max
    UTVs T4: Xavier de Soultrait (FRA) / Martin Bonnet (FRA), Polaris RZR Pro R
    Caminhões: Martin Macik (TCH) / Frantisek Tomasek (TCH) / David Svanda (TCH), Iveco Powerstar
    Clássicos: Carlos Santaolalla Milla (ESP) / Jan Rosa Viñas, Toyota Land Cruiser


    46ª EDIÇÃO DO RALLY DAKAR
    _7.891 km de percurso total. Especiais somam 4,692 km_
    _Data / locais / total do dia / especial_
    06/01, Etapa 01 – Al Ula –> Al Henakiyah – 414 km
    07/01, Etapa 02 – Al Henakiyah –> Al Duwadimi – 431 km
    08/01, Etapa 03 – Al Duwadimi –> Al Salamiya –447 km
    09/01, Etapa 04 – Al Salamiya –> Al-Hofuf – 299 km
    10/01, Etapa 05 – Al Hofuf –> Shubaytah – 118 km
    11-12/01, Etapa 06 – Shubaytah  –> Shubaytah (48 horas) – 572 km
    13/01 – Descanso
    14/01, Etapa 07 – Riyadh –> Al Dawadimi – 483 km
    15/01, Etapa 08 – Al Dawadimi –> Hail – 458 km
    16/01, Etapa 09 – Hail –> Al Ula – 417 km
    17/01, Etapa 10 – Al Ula –> Al Ula – 371 km
    18/01, Etapa 11 –Al Ula –> Yanbu – 480 km
    19/01, Etapa 12 – Yanbu –> Yanbu – 175 km

    Competidores
    778 inscritos
    72 nacionalidades

    Veículos e Categorias
    Carros: 72 (5)*
    Motos: 148
    Quadriciclos: 10 (1)
    Protótipos Leves: 66
    UTVs (Challengers, T3): 42 (6)
    UTVs (de produção, T4): 36 (5)
    Caminhões: 46
    Clássicos: 14
    Total: 434 veículos
    *Nota: entre parêntesis, quantidade de competidores brasileiros, que totalizam 17, a maior delegação brasileira no Rally Dakar

  • Dakar 2024 tem Brasil como um dos destaques

    Dakar 2024 tem Brasil como um dos destaques

    Com a maior delegação da história, 17 inscritos, país também tem melhor perspectiva de resultados desde a sua estreia, em 1988

    Faltam poucos dias para a 46ª edição do Rally Dakar 2024, que larga na próxima sexta-feira (05), com uma disputa para definir posições de largada, e terminará quinze dias depois, em 19 de janeiro. Cercado de mitos, heroísmo e tragédias, o Dakar permanece no imaginário popular como o grande teste de pilotos e máquinas dispostos a enfrentar uma rotina de riscos elevados e imprevisibilidade.

    É também uma das poucas competições mundiais que falta ao panteão de vitórias do Brasil neste esporte.

    O país estreou no Dakar em 1988, quando Klever Kolberg e André Azevedo resolveram disputar a corrida, mesmo sem recursos, como pneus reservas para suas motos Yamaha.

    O Brasil já conquistou títulos em categorias intermediárias da prova, o que não é pouco, mas nunca venceu na classificação geral na categoria principal, dos carros. O primeiro título veio com Kolberg, campeão da categoria Motos Maratona em 1993. O país chegou perto do título geral pela primeira vez em 2023, com Lucas Moraes, que surpreendeu o mundo do off-road ao chegar ao pódio já em sua estreia. Em 2024, no entanto, o time brasileiro chega com a melhor perspectiva da história de sua participação no Dakar – em uma edição que reunirá quase 800 competidores de 72 nacionalidades.

    Realizado desde 2020 na Arábia Saudita, o Dakar cruzará de desertos inóspitos a pântanos. Mas as “estrelas” serão novamente as dunas do “Empty Quarter”, verdadeiras montanhas de até 300 metros de altura que dominam grandes trechos deste deserto, cujo sugestivo nome pode ser traduzido como “Território Abandonado”. AS distância total da prova é de 7.891 km, sendo 4,727 km de “especiais” – trechos cronometrados e válidos para definir o resultado da competição. Ao todo, serão 12 especiais. Uma delas, chamada “maratona”, contará 48 horas de duração, com os competidores tendo duas horas para reparo dos veículos.

    Moraes (à direita) e seu novo navegador, o espanhol Armand Monleón
    (TGR)

    Com 778 inscritos, o Dakar 2024 será dividido em oito categorias principais: Motos, Quadriciclos, Carros, Challenger (UTVs protótipos, do tipo T3), SSV (UTVs de produção preparados, tipo T4), Caminhões, M1000 (protótipos) e Clássicos (veículos de época que já competiram na prova). O maior rally do mundo acontece sob regulamento do W2RC, o Campeonato Mundial de Rally Raid, que é organizado pela FIA e cujas provas são similares ao brasileiro Rally dos Sertões.

    Uma “Seleção Brasileira* do off-road – Entre as principais novidades estão a ascensão de Lucas Moraes para o time A da atual campeã, a Toyota Gazoo Racing, colocando-se definitivamente entre os favoritos para as primeiras posições.

    Moraes, cujo carro tem patrocínio da também SpeedMax, disputará a categoria mais veloz do Dakar, a T1+, na qual terá a companhia das experientes duplas brasileiras Marcos Baumgart/Kléber Cincea e Cristian Baumgart/Beco Andreotti, que retornam ao Dakar. Também com títulos do Sertões, que é referência no esporte, eles dessa vez estarão a bordo do competitivo modelo Prodrive Hunter, vencedor de nove das 14 especiais do Dakar 2023.

    Também é destaque a estreia do campeão sul-americano de rally raid e bicampeão do Sertões Rodrigo Varela, filho do tricampeão mundial e campeão do Dakar na categoria UTV (2018), Reinaldo Varela.

    Competindo na categoria dos UTVs de fábrica preparados (T4), Rodrigo contará com a navegação de Ênio Bozzano, que também detém um título no Sertões e vem investindo em uma carreira internacional.


    O atual campeão da Copa do Mundo FIA de Rally Raid, Cristiano Batista, é uma das forças na categoria T4, em parceria com o navegador espanhol Fausto Mota. Campeã do Rally dos Sertões 2023 na categoria Carros, a dupla Marcelo Gastaldi e Cadu Sachs retorna ao Dakar para competir entre os UTVs fabricados especificamente para corridas (protótipos) da T3.

    Já o navegador catarinense Gustavo Gugelmin reeditará a bem-sucedida parceria com o piloto norte-americano Austin Jones, com o qual faturou os títulos nas divisões T4 (2022) e T3 (2023) do Dakar. Um nome que merece atenção é o de Marcelo Medeiros, muito competitivo no Dakar 2023 na categoria Quadriciclos e cotado como um dos favoritos para 2024.

    Completando a lista de nomes fortes, o navegador Lourival Roldan (campeão do Dakar 2017 na categoria UTV) terá como parceiro o piloto paraguaio Oscar Peralta.

    À direita, o novo carro do brasileiro Lucas Moraes para o Dakar 2024
    (TGR)

    46ª Edição do Rally Dakar

    7.891 km de percurso total. Especiais somam 4,727 km
    (Data / locais / total do dia / especial)

    • 05/01, Prólogo – Al Ula – 28 km
    • 06/01, Etapa 01 – Al Ula –> Al Henakiyah – 405 km
    • 07/01, Etapa 02 – Al Henakiyah –> Al Duwadimi – 431 km
    • 08/01, Etapa 03 – Al Duwadimi –> Al Salamiya –447 km
    • 09/01, Etapa 04 – Al Salamiya –> Al-Hofuf – 425 km
    • 10/01, Etapa 05 – Al Hofuf –> Shubaytah – 375 km
    • 11-12/01, Etapa 06 – Shubaytah  –> Shubaytah (48 horas) – 466 km
    • 13/01 – Descanso
    • 14/01, Etapa 07 – Riyadh –> Al Dawadimi – 473 km
    • 15/01, Etapa 08 – Al Dawadimi –> Hail – 407 km
    • 16/01, Etapa 09 – Hail –> Al Ula – 439 km
    • 17/01, Etapa 10 – Al Ula –> Al Ula – 114 km
    • 18/01, Etapa 11 –Al Ula –> Yanbu – 275 km
    • 19/01, Etapa 12 – Yanbu –> Yanbu – 185 km

    Competidores

    • 778 inscritos
    • 72 nacionalidades

    Veículos e Categorias

    • Carros: 72 (5)*
    • Motos: 148
    • Quadriciclos: 10 (1)
    • Protótipos Leves: 66
    • UTVs (Challengers, T3): 42 (6)
    • UTVs (de produção, T4): 36 (5)
    • Caminhões: 46
    • Clássicos: 14
    • Total: 434 veículos
    • *Nota: entre parêntesis, quantidade de competidores brasileiros, que totalizam 17, a maior delegação brasileira no Rally Dakar

    Brasileiros no Dakar 2023
    Piloto / Navegador / Veículo

    CATEGORIA CARROS T1+

    • Lucas Moraes (Brasil) / Armand Monleon (Espanha), GR Hilux DKR T1+
    • Marcos Baumgart (Brasil) / Kléber Cincea (Brasil), Prodrive Hunter T1+
    • Cristian Baumgart (Brasil) / Beco Andreotti (Brasil), Prodrive Hunter T1+

    QUADRICICLO

    • Marcelo Medeiros (Brasil), Yamaha YFM 700 Raptor

    UTV – PROTÓTIPO (T3)

    • Austin Jones (EUA) / Gustavo Gugelmin (Brasil), Can-Am Maverick XRS
    • Marcelo Gastaldi (Brasil) / Carlos Sachs (Brasil), UTV MCE-5
    • Gunter Hinkelmann (Brasil) / Fabrício Bianchini (Brasil), UTV MCE-5
    • Oscar Peralta (Paraguai) / Lourival Roldan (Brasil), Can-Am Maverick T3

    UTVs DE PRODUÇÃO

    • Rodrigo Varela (Brasil) / Enio Bozzano (Brasil), Can-Am Maverick XRS
    • Jorge Wagenfuhr (Brasil) / Humberto Ribeiro (Brasil), Polaris RZR PRO R
    • Cristiano Batista (Brasil) / Fausto Mota (Espanha), Can-Am Maverick XRS
  • 3º colocado, Moraes faz melhor estreia que seus heróis do Dakar

    3º colocado, Moraes faz melhor estreia que seus heróis do Dakar

    Bicampeão do Sertões também registrou o melhor resultado da História para o Brasil

    A atuação surpreendente de Lucas Moraes na 45ª edição do Rally Dakar foi encerrada neste domingo (15) com a confirmação do terceiro lugar entre os 73 carros inscritos na categoria principal da competição, que teve início no dia 31 de dezembro e percorreu mais de 8.500km em desertos e territórios inóspitos da Arábia Saudita.

    Ao lado do navegador alemão Timo Gottschalk e a bordo de um Toyota GR DKR Hilux, Moraes, de 32 anos, terminou no terceiro lugar na classificação geral em sua estreia no Dakar, um resultado que também é o melhor de um brasileiro na prova – superando o oitavo lugar de Klever Kolberg e do navegador francês Pascal Larroque, em 2002, a bordo de um Mitsubishi Pajero Full.

    Moraes chegou ao Dakar demonstrando reverência tanto em relação à grandeza do desafio quanto aos principais pilotos, que ele tem como seus ídolos no esporte. O brasileiro, no entanto, acabou registrando a melhor estreia se comparado a seus heróis no Dakar, superando ícones como Carlos Sainz (11º em 2006), Stephane Peterhansel (7º na categoria Carros em 1999), Sébastien Loeb (9º em 2016), Giniel de Villiers (5º em 2003), Yazeed Al-Rajhi (abandonou em 2015) e o próprio Al-Attiyah (10º em 2004).

    O resultado é o mais importante da carreira de Moraes e traz embutido outros marcos: melhor piloto da equipe Overdrive, melhor rookie do Dakar 2023 e segundo melhor Toyota da edição número 45, atrás apenas do Toyota GR DKR Hilux da dupla vencedora, Nasser Al-Attiyah (Qatar)/Mathieu Baumel (França). Anteriormente, o piloto tinha como pontos altos a conquista do Rally dos Sertões em 2019, quando tornou-se seu mais jovem campeão, e em 2022.

    Lucas Moraes (BRA) of team Overdrive Racing is seen at the finish line of Rally Dakar 2023 in Dammam, Saudi Arabia on January 15, 2023

    “As mensagens me deram força”

    “Terminamos o Dakar! Realmente não dá pra acreditar. Acho que ainda vai demorar algum tempo pra cair a ficha. Ainda está difícil de falar, de segurar a emoção. Mas conseguimos! Obrigado pelo apoio de todos lá do Brasil, especialmente aos meus amigos e familiares, ao pessoal todo que não parava de mandar mensagens de incentivo.

    Elas me deram muita força nestes dias”, disse, ainda com lágrimas nos olhos e voz embargada, Lucas Moraes. “Eu dedico esse pódio ao Brasil, aos fãs e não fãs do rally, a tanta gente que torceu por mim somente por ser brasileiro. Muito obrigado a todos!”, concluiu.

    O Brasil comemorou no Dakar 2023 mais um título para a história de seu off-road, com o navegador Gustavo Gugelmin, campeão dos Protótipos Leves em parceria com o piloto norte-americano Austin Jones.

    Antes, Gugelmin já havia sido bicampeão entre os UTVs de produção preparados para competição: em 2018 com Reinaldo Varela e 2022, com Jones. A dupla ficou 52 minutos à frente dos concorrentes mais próximos, Seth Quintero (EUA) e Dennis Zenz (Alemanha).

    Ainda entre os Protótipos Leves, Pâmela Bozzano e Carlos Sachs terminaram no 32º lugar, com Enio Bozzano Junior e Luciano Gomes em 34º. Nos quadriciclos, o brasileiro Marcelo Medeiros terminou em nono lugar após ter vencido quatro especiais seguidas, entre os dias 10 e 13.

    Já nos UTVs, Bruno Conti de Oliveira finalizou ao lado do navegador português Pedro Bianchi Prata no sexto lugar, com Rodrigo Luppi de Oliveira e Maykel Justo em 29º e Cristiano Batista, juntamente com o navegador espanhol Fausto Mota, em 32º – eles chegaram a vencer a terceira especial. 

    Brasileiros no Dakar 2023

    Carros: Lucas Moraes (piloto, 3º colocado)
    Protótipos Leves: Gustavo Gugelmin (navegador, campeão), Pâmela Bozzano (piloto, 32º), Carlos Sachs (navegador, 32º), Enio Bozzano Junior (piloto, 34º), Luciano Gomes (34º)
    Quadriciclos: Marcelo Medeiros (piloto, 9º)
    UTVs: Bruno Conti de Oliveira (piloto, 6º), Rodrigo Luppi de Oliveira (piloto, 29º), Maykel Justo (navegador, 29º), Cristiano Batista (piloto, 32º)

    14ª Especial, 136km entre Al-Hofuf e Damman

    • 1. Guerlain Chicherit/Alex Winocq (Prodrive Hunter T1+) +1h9min24s
    • 2. Mattias Ekström/Emil Bergkvist (Audi RS Q e-tron) +1min36s
    • 3. Sebastián Halpern/Bernardo Graue (Mini John Cooper Works Plus) +1min53s
    • 4. Jakub Przygoński/Armand Monleón (Mini John Cooper Works Plus) +3min8s
    • 5. Henk Lategan/Brett Cummings (Toyota GR DKR Hilux) +3min44s
    • 6. Sébastien Loeb/Fabian Lurquin (Prodrive Hunter T1+) +4min48s
    • 7. Yazeed Al-Rajhi/Dirk Von Zitzewitz (Toyota Hilux Overdrive) +5min8s
    • 8. Nasser Al-Attiyah/Mathieu Baumel (Toyota GR DKR Hilux) +5min41s
    • 9. Giniel de Villiers/Dennis Murphy (Toyota GR DKR Hilux) +6min9s
    • 10. Carlos Checa/Marc Solà Terradellas (Astara 01 Concept) +6min18s
    • 14. Lucas Moraes/Timo Gottschalk (Toyota Hilux Overdrive) +8min22s

    Classificação geral após 14 especiais

    • 1. Nasser Al-Attiyah/Mathieu Baumel (Toyota GR DKR Hilux) 45h3min15s
    • 2. Sébastien Loeb/Fabian Lurquin (Prodrive Hunter T1+) +1h20min49s
    • 3. Lucas Moraes/Timo Gottschalk (Toyota Hilux Overdrive) +1h38min31s
    • 4. Giniel de Villiers/Dennis Murphy (Toyota GR DKR Hilux) +2h31min12s
    • 5. Henk Lategan/Brett Cummings (Toyota GR DKR Hilux) +2h36min23s
    • 6. Martin Prokop/Viktor Chytka (Ford Raptor RS Cross Country) +3h40min44s
    • 7. Juan Cruz Yacopini/Daniel Oliveras Carreras (Toyota Hilux Overdrive) +4h27min9s
    • 8. Wei Han/Li Ma (SMG HW2021) +4h29min21s
    • 9. Sebastián Halpern/Bernardo Graue (Mini John Cooper Works Plus) +4h42min38s
    • 10. Guerlain Chicherit/Alex Winocq (Prodrive Hunter T1+) +5h22min10s

    45ª Edição do Rally Dakar

    8.549km de percurso total. Especiais somam 4.706km

    (Data / locais / total do dia / especial)

    Prólogo: 31/12 – Sea Camp – 10 km / 10 km

    • 01/01 – Sea Camp –> Sea Camp – 603 km / 368 km
    • 02/01 – Sea Camp –> Al-‘Ula – 590 km / 431 km
    • 03/01 – Al-‘Ula –> Ha’il – 669 km / 447 km
    • 04/01 – Ha’il –> Ha’il – 573 km / 425 km
    • 05/01 – Ha’il –> Riad – 646 km / 375 km
    • 06/01 – Riad –> Al-Dawadimi – 861 km / 333 km
    • 07/01 – Riad –> Al-Dawadimi – 639 km / 472 km
    • 08/01 – Al-Dawadimi –> Riad – 722.41 km / 407 km
    • 09/01 – Descanso – Riad
    • 10/01 – Riad –> Haradh – 710 km / 346 km
    • 11/01 – Haradh –> Shaybah – 623 km / 114 km
    • 12/01 – Shaybah –> Empty Quarter – 426 km / 275 km
    • 13/01 – Empty Quarter –> Shaybah – 375 km / 185 km
    • 14/01 – Shaybah –> Al Hofuf – 669 km / 154 km
    • 15/01 – Al Hofuf –> Dammam – 414 km / 136 km

    Veículos e Categorias

    • Carros: 73
    • Motos: 125
    • Quadriciclos: 19
    • Protótipos Leves: 47
    • UTVs: 46
    • Caminhões: 56
    • Clássicos: 89
    • Total: 455 veículos
  • Dakar larga neste domingo de olho no futuro

    Dakar larga neste domingo de olho no futuro

    Novidades técnicas, segurança, diversidade e mulheres no grid da mais brutal prova do mundo

    Na madrugada deste domingo (3) será dada a largada da 43ª edição do Rally Dakar, a mais exigente competição a motor internacional. Mas não será uma edição qualquer: em um mundo que pulsa com mudanças tecnológicas e sociais, a organização da prova se esforça para colocar o evento na trilha correta.

    Em 2021, ao mesmo tempo em que cultiva a tradição com a criação da categoria Classic para carros históricos que disputaram o Dakar até o ano 2000, o rally também flerta com o futuro ao anunciar o projeto que fará todos os carros e caminhões trocarem a motorização a combustão pela movida a hidrogênio, uma tecnologia promissora mas ainda em desenvolvimento.

    Paradoxalmente, o Dakar tem acordo de exclusividade para a realização de suas provas na Arábia Saudita, maior exportadora de petróleo do planeta.

    “Desde que surgiu, em 1979, um dos méritos do Dakar sempre foi ser um laboratório a céu aberto para a indústria”, diz o brasileiro Reinaldo Varela, da equipe Monster Energy Can-Am, que tenta o bicampeonato da prova ao lado do navegador Maykel Justo. “Esse anúncio é uma forma de atrair as montadoras, que precisam desse tipo de ambiente competitivo para acelerar o desenvolvimento de seus produtos”, avalia o brasileiro, que venceu a prova em 2018 na categoria UTV.

    A transformação anunciada pelo francês David Castera, diretor esportivo da ASO, organizadora do Dakar, obrigará as principais equipes a utilizar veículos a hidrogênio já em 2026 – com todos os inscritos adotando a tecnologia a partir de 2030, justamente o ano em que a Arábia Saudita completará o seu plano de diversificação tecnoeconômica, do qual o Dakar vai se tornando um dos principais arautos.

    Cidade do futuro – “Não é à toa que todas as equipes estão convidadas para a cerimônia de apresentação formal dos planos da motorização a hidrogênio do Dakar, que vai acontecer justamente em Neon, local onde os sauditas estão construindo o que chamam de “cidade do futuro””, ressalta Maykel Justo, que tem experiência no Dakar não apenas nos UTVs, mas também nos carros e caminhões.

    “Essa apresentação será no dia 11 de janeiro, em plena disputa do Dakar, quando terminaremos o dia em Neon”, completa o navegador da equipe Monster Energy Can-Am. Ainda no plano tecnológico, mas com viés ambiental, o acampamento do Dakar em Neon será o primeiro da história abastecido com energia solar, algo que a ASO pretende adotar como regra nas futuras edições.

    A prova que larga neste domingo também apresenta outras novidades. Por exemplo, 16 mulheres estão inscritas para enfrentar o brutal roteiro de 12 dias de competição ao longo de quase oito mil quilômetros. Entre elas, um time feminino capitaneado pela piloto italiana Camelia Liparoti e a navegadora Annet Fischer, na categoria Protótipos Leves.
    Nascido na França e administrado por uma empresa europeia, o Dakar também começa a mudar o tom de sua pele. Segundo a organização, entre os 49 países representados pelos competidores, a predominância ainda é de italianos, franceses e alemães.

    Mas os sul-americanos e asiáticos, com destaque para os chineses, indianos e países da região árabe, são uma população que cresce sem parar. “O inglês é o idioma universal aqui, mas atualmente podemos tranquilamente nos virar no Dakar falando espanhol e também português”, destaca Maykel Justo, lembrando do contingente de representantes de nações latino-americanas.

    Mortes em 2020 – Ao longo de sua história o Dakar registrou a morte de 30 competidores, além de outras 45 vítimas entre membros de equipes e moradores locais. A prova chegou inclusive a receber a alcunha de rally da morte. Em sua mais recente edição, a corrida teve dois acidentes fatais, ambos de moto – do português Paulo Gonçalves, 40 anos, e do holandês Edwin Straver, 48. Para 2021, a ASO teve como meta aumentar a segurança nas dunas do deserto saudita, produzindo um roteiro no qual o foco será mais a qualidade da pilotagem e da navegação do que a velocidade pura.
    “Isso beneficia quem é mais técnico e experiente”, diz Varela. “Mas não alivia em nada o nível de dificuldade do rally como competição. Muito pelo contrário”, pontua. No caso das motos, foram limitados o uso de pneus novos na traseira (seis unidades) e troca de pistões (uma), obrigando os pilotos a poupar o equipamento para chegar ao final da competição no dia 15 de janeiro.

    Outra novidade é um bipe que soará dentro dos veículos ao se aproximarem de zonas sabidamente perigosas. “É um sistema que funciona orientado por GPS”, revela Reinaldo Varela. “Muitas vezes, o cansaço impede o navegador de notar certos detalhes na planilha. Certamente esse aparelho vai poupar muita gente de situações perigosas, e quem sabe salvar vidas. Parabéns para a organização”, elogia o campeão do Dakar de 2018.

    O Dakar em resumo – Com largada no próximo domingo, dia três de janeiro e disputada inteiramente na Arábia Saudita, a 43ª edição do Dakar terá em seus 7.646km um total de 4.767km de especiais – trechos cronometrados em alta velocidade.

    Os restantes 2.879km são correspondentes aos deslocamentos entre os pontos de largada e chegada em cada um dos doze dias. O roteiro da prova começa e termina Jedá. Além de Reinaldo Varela e Maykel Justo, o Brasil será representado na UTV pelo navegador Gustavo Gugelmin, com as duplas Marcelo Gastaldi/Lourival Roldan e Guilherme Spinelli/Youssef Haddad que na categoria Carros. Para tentar o bicampeonato, Varela e Maykel Justo também contam com apoio de Norton, Divino Fogão e Motul.