Autor: Redação

  • Vamos relembrar: Senna fala sobre vida e carreira

    Vamos relembrar: Senna fala sobre vida e carreira

    Abaixo, alguns trechos de entrevista histórica de Ayrton Senna à jornalista Mônica Bérgamo para a revista Playboy em agosto de 1990

    PLAYBOY: O Nelson Piquet alimentou a discussão ao declarar que você não gosta de mulher. Como isso o afetou?

    SENNA: Fiquei… muito triste. Foi uma campanha altamente destrutiva. Não me anularam na pista, quiseram me derrotar pelo lado pessoal. Falharam mais uma vez.

    PLAYBOY: Essas insinuações acabaram envolvendo Américo Jacoto Júnior, assessor que o acompanhava em quase todas as corridas. E você o demitiu, não foi?

    SENNA: O Júnior… ele era um amigo de infância, era como um irmão para mim. Foi muito triste usarem um argumento tão absurdo, tão mentiroso, para me destruir e atingir alguém de quem eu gosto. Mas não foi uma demissão. Na verdade, o Júnior era mais um amigo do que um assessor. Tinha acabado a faculdade, estava à toa, e eu o convidei para viajar. Foi ótimo, porque ele conheceu o exterior, aprendeu idiomas, e era uma companhia excepcional…

    PLAYBOY: Vocês não se afastaram por causa da polêmica criada pelo Piquet?

    SENNA: É, existiu um afastamento, a amizade nunca mais voltou a ser a mesma. Foi uma destruição muito grande… [Senna fica tenso e faz um longo silêncio.] É melhor ficar quieto. Eu ia falar uma coisa aqui… não quero falar.

    PLAYBOY: O quê?

    SENNA: Não, não… nada.

    PLAYBOY: Alguma coisa sobre esse assunto?

    [Senna desliga o gravador e faz um desabafo emocionado sobre Piquet. Pede para que se mude de assunto.]

    PLAYBOY: Por que você não aproveita e esclarece o episódio de uma vez?

    SENNA: [Silêncio.]

    PLAYBOY: Você o processou por isso. A retratação dele na Justiça foi suficiente?

    SENNA: Irrelevante. Ele negou que tinha dito. Foi tudo um jogo baixo, sujo.

    PLAYBOY: Você namorou a Katherine, atual mulher dele, antes de os dois casarem, não é?

    SENNA: Não namorei. Mas… eu a conheci.

    PLAYBOY: Conheceu como?

    SENNA: [Emocionado.] Eu a conheci como mulher. É curto e grosso. Eu a conheci como mulher.

    PLAYBOY: Você nunca havia dito isso. Não seria um motivo suficiente para que Piquet não lançasse dúvidas a seu respeito?

    SENNA: Não há nada que sustente o argumento de que eu não gosto de mulher.

    PLAYBOY: Você acha que…

    [Senna desliga o gravador, negando-se a responder qualquer outra pergunta sobre o assunto.]

    PLAYBOY: Sua paixão pelas corridas dá a impressão, às vezes, de que você não pensa em nenhuma outra coisa. Só em carros.

    SENNA: Quando estou trabalhando, meu compromisso com a vitória é total. Não tenho tempo de falar com a imprensa sobre o que eu acho ou deixo de achar. Isso só acontece em momentos especiais. Como nesta entrevista. São oportunidades raras, mas tão ricas em qualidade que mesmo quem me acha frio, sem perceber, acaba gostando de mim.

    PLAYBOY: Você é uma pessoa solitária?

    SENNA: A solidão me toca em muitos momentos. Mas tenho fé de que vou encontrar a pessoa ideal para dividir minha vida. Sou inquieto, faço com que as coisas aconteçam. No campo emocional, porém, assumi uma paz interior, reforçada pela ideia de que na hora certa essa pessoa vai chegar. Cabe a mim ter paciência. Por outro lado, não vivo sozinho. Estou em contato diário com aqueles que amo no Brasil. Telefono para meus pais, para meus irmãos, Viviane e Leonardo, mais de uma vez por dia. Nunca estou só. Nunca estive só.

    PLAYBOY: O segundo casamento está em seus planos?

    SENNA: Por que não? Só que pretendo acertar em cheio desta vez. Quero ter filhos — um casal seria muito bom. Mas não podemos escolher, não é? Depende da vontade de Deus.

    PLAYBOY: Quando seu filho fizer 4 anos, você vai dar a ele um carrinho de kart, como seu pai fez com você?

    SENNA: Se ele demonstrar aptidão guiando carros no colo do pai, como aconteceu comigo, tudo bem. Mas não incentivaria. Mostraria outros caminhos e o apoiaria naquilo que ele sentisse amor. A identificação com carros, com corridas, teria que nascer nele. Eu não despertaria.

    PLAYBOY: Onde está aquele carrinho?

    SENNA: Virou sucata em algum ferro velho. Brinquei com ele alguns anos, até meu pai me comprar um kart verdadeiro. O antigo ficou para meu irmão mais novo, o Leo. Um dia, ele estava brincando na metalúrgica do meu pai. Dirigia rápido, mas era distraído. Começamos a chamar, o Leo olhou para trás e continuou acelerando. Escorregou na pista, bateu num muro e por pouco não parou embaixo de um caminhão. Meu pai ficou tão desgostoso que jogou o brinquedo fora.

    PLAYBOY: Você lembra de sua primeira corrida?

    SENNA: Da primeira, da segunda, da primeira vitória… Lembro de tudo. Competi pela primeira vez aos 8 anos, num balneário em São Paulo. Meu pai não queria, porque só tinha marmanjo de 18 anos. Mas entrei e curti adoidado. Me deram uma colher de chá, e fui o primeiro a sortear posição, num capacete cheio de papeizinhos. Peguei o número 1 — minha primeira pole! Eu era tão pequeno, tão leve, que meu carro andava mais que todos, e fiquei na ponta um montão de voltas. Os grandes se pegavam nas curvas, mas nas retas eu mandava ver, sumia. Faltavam três voltas quando um deles deu uma pancada atrás do kart. Capotei e fiquei fora. Mas quase venci.

    PLAYBOY: Quem eram seus ídolos naquela epóca?

    SENNA: O fackie Stewart, o Gilles Villeneuve, o Niki Lauda e, sem dúvida, o Émerson Fittipaldi. Ele era o maior.

    PLAYBOY: Parece que você não acelerava muito na escola, não é? Ficava em recuperação, passava por conselho de classe…

    SENNA: No ginásio até que ia bem, sentava nas primeiras carteiras da classe. Perdi o pique no colegial. Já construía meus castelinhos, sonhava em me dedicar de corpo e alma ao automobilismo. Comecei a sentar no meio, no fundão, a colar nas provas. Certa vez, um amigo chegou a fazer exame por mim. Valeu pelo menos, passei de ano! Mas foi o cúmulo. Depois, por inércia, entrei na faculdade de Administração de Empresas da FAAP, em São Paulo. Minha cabeça, porém, estava em outra: cursei um mês, tranquei matrícula e pouco depois fui para a Europa. Aí começou tudo.

    PLAYBOY: E como foi sentar em um carro de F-1 pela primeira vez?

    SENNA: Uma experiência incrível. Foi em julho de 1983, em Donnington Park, um dia depois do GP da Inglaterra [Senna, que corria na Europa desde 1981, em categorias inferiores, estreou profissionalmente na Fórmula 1 em 1984, quando assinou contraio com a Toleman]. O Frank Williams, dono da Williams, me convidou para andar no carro. Parecia um sonho ver de perto aquela tremenda máquina, altamente sofisticada, campeã do mundo, um privilégio permitido a apenas dois pilotos. Era gostoso saber que eu ia fazer o motor funcionar, colocar a marcha e sair pelo boxe. Aquele dia não era da Williams, não era de ninguém. Era só meu. Liguei o carro, e bati o recorde da pista. É uma grande recordação. Lembro que cheguei perto da máquina, fiquei olhando, fiz carinho, dei uns tapinhas e falei para ela: “É hoje! É hoje!”

    PLAYBOY: Você conversou com o carro?

    SENNA: É… pode crer!

    PLAYBOY: Esse diálogo é constante?

    SENNA: Não, só aconteceu naquele dia. Meu papo é com outra pessoa — é com Ele, lá em cima. E isto vem se acentuando nos últimos dois anos. Tenho tido experiências fantásticas. Uma nova vida se abriu diante de mim.

    PLAYBOY: Esse seu, digamos, diálogo com Deus começou em 1988, em Mônaco, quando você liderava a prova com quase 1 minuto de vantagem sobre o Alain Prost e bateu o carro sozinho no guard-rail?

    SENNA: Exatamente. Aquilo não era apenas um erro de pilotagem. Era a consequência de uma luta interna que me paralisava e tornava vulnerável. Eu tinha uma abertura para Deus e outra para o diabo. O acidente foi um sinal de que Deus estava ali me esperando, para me dar a mão. Bastava eu dizer que queria. Foi uma experiência incrível. Ouvir falar de Deus é uma coisa. Mas eu experimentei, diante dos meus olhos, dos meus sentidos — o que é bem diferente. Não existe equívoco, não existe dúvida, não existe mal entendido. É uma verdade.

    PLAYBOY: Que outras experiências você teve?

    SENNA: Se conversar sobre minha vida amorosa é algo extraordinário, falar sobre Deus é ainda mais fora do comum. É muito, muito especial. É meu mundo. Aos olhos das pessoas comuns, que não têm fé, tudo é loucura, bobagem. Por isso, fica uma situação incômoda para mim. Ao mesmo tempo, por que não dividir experiências com as pessoas que, como aconteceu comigo, procuram a vida nova?

    PLAYBOY: E como são os sinais que você recebe?

    SENNA: Depois do acidente de 1988, Ele começou a falar comigo através da Bíblia. Eu pegava o livro orando, expondo meus sentimentos, pedindo luz. E abria exatamente onde estavam as respostas de coragem, determinação e força.

    PLAYBOY: Já lhe aconteceu algo mais concreto?

    SENNA: Vou contar uma experiência recente. No Grande Prêmio de Mônaco deste ano, em maio, percebi nos treinos de sábado que meu carro estava desequilibrado, sem possibilidade real de vitórias na corrida de domingo. A McLaren do Gerhard Berger, meu companheiro de equipe, apresentava os mesmos problemas. Bem, vencer em Montecarlo era muito importante, e expliquei isso a Deus. Ele sabe de tudo o que se passa em nosso coração. Mas é necessário se entregar através da oração. Foi o que eu fiz. Quando chegou o domingo, ainda no warm-up [o aquecimento que os pilotos fazem nos carros pela manhã], tive uma sensação e uma visão. Consegui me enxergar de fora do carro. Em volta da máquina e do meu corpo, existia uma linha branca, uma espécie de onda, que se traduziu para mim como força e proteção.

    PLAYBOY: Você conseguiu se ver?

    SENNA: Hã-hã.

    PLAYBOY: Saiu do seu corpo?

    SENNA: Hã-hã. Entrei em outra dimensão. Tive uma paz incrível, e a certeza de que estava equilibrado, de corpo e alma, inteiro. Não tinha canto sobrando, estava tudo redondo, em harmonia. Geralmente, antes de largar, fico na minha, quietão. Dessa vez, até sorri. Saí do boxe, com aquele mesmo carro que um dia antes apresentou problemas, e os defeitos… pã! Desapareceram! Estavam lá, mas não me incomodavam. Depois da corrida, o Berger veio conversar comigo, e disse que o carro dele continuou trepidando. Eu apenas sorri, não entrei em detalhe. Só que, comigo, não aconteceu nada.

    PLAYBOY: Você lê a Bíblia diariamente?

    SENNA: Não. Mas, às vezes, mais do que uma vez por dia. É nela que aprendo pouco a pouco sobre o Deus poderoso, que criou o céu, a Terra, o universo.

    PLAYBOY: E à igreja, você vai?

    SENNA: Gosto quando ela está vazia, tranquila, em paz. Sou católico, mas não curto missa. Não tem nada de especial nem de gostoso nesse culto.

    PLAYBOY: Principalmente se alguém o reconhece e vem rogar um autógrafo, não é?

    SENNA: Não é isso. Acontece que o ritual não tem nada a ver, é muito superficial. Não é o meu culto, com certeza.

    PLAYBOY: Quando venceu o GP do Japão. em 1988 e conquistou o primeiro título mundial, você declarou que chegou a ver Deus nas duas últimas curvas da prova. Como foi isso?

    SENNA: Eu estava agradecendo a Ele pela vitória. Deus me deu um campeonato de luta, conquistado na penúltima prova do ano, como todo piloto sonha. Era um presente enorme. Mesmo orando, eu estava superconcentrado, me preparando para uma curva longa, de 180 graus, quando vi a imagem de Jesus. Ele era tão grande, tão grande… Não estava no chão. Estava suspenso, com a roupa de sempre, a cor de sempre, e uma luz em volta. Seu corpo inteirinho subia para o céu, alto, alto, alto, ocupando todo o espaço. Ao mesmo tempo em que tinha essa imagem incrível, eu guiava um carro de corrida. Guiava com precisão, com força, com… [comovido] com tudo… É de enlouquecer, não é? É de enlouquecer!

    PLAYBOY: Você não enxergava mais nada?

    SENNA: Exato. Não dá para descrever. Eu falava com Deus, e Ele pintou. Simplesmente se mostrou diante de mim.

    PLAYBOY: Em que mais você pensava nesta hora?

    SENNA: Cruzei a linha de chegada urrando dentro do capacete. Batia na cabeça, não acreditava, comecei a chorar. Dezenas de pessoas da equipe falavam comigo pelo rádio, e eu agradeci especialmente ao Steve Nichols, meu engenheiro. Gritei muita coisa que não posso revelar.

    PLAYBOY: Palavrões?

    SENNA: [Rindo.] É. Entre outras coisas. Foi uma explosão de sentimentos. Aqueles segundos consagravam uma vida inteira de trabalho, desejo, sonho e vitória. Foi uma conquista real, um campeonato indiscutível, de vitórias tremendas, e não um campeonato ganho por pontinhos.

    PLAYBOY: Por vitórias ou por pontinhos, não dá na mesma?

    SENNA: Todos os anos tem um campeão, em todos os esportes. Mas nem sempre é o campeão de verdade, respeitado. admirado, indiscutível. Pelo contrário. muitas vezes é um vencedor sem vitória. sem mérito, sem conquista. Veja: num ano em que uma equipe como a McLaren domina totalmente o campeonato, existem dois pilotos com possibilidades de vencer. Entre aquele que tem vitórias e é o melhor, e o que vence pela desgraça dos outros, porque os adversários quebram o carro, coisas assim, o primeiro tem muito mais valor. E eu conquistei o título assim. Da maneira que julgo verdadeira.

    PLAYBOY: Você está querendo dizer que o Alain Prost, que venceu o campeonato no ano seguinte, por pontos, foi um campeão…

    SENNA: [Interrompendo.] … Sem valor, sem crédito. Tudo foi tão desacreditado por ele — a qualidade de nossos carros, o fornecimento do motor — que ele nem comemorou o título. Eu saí do Japão em 1988 como vencedor. Como campeão de fato. O Prost saiu do Japão um ano depois como perdedor. Não ganhou na pista, não conquistou o título através de uma vitória. Na última corrida do ano, na Austrália, que definiu o campeonato, ele estava fora do carro, no boxe, parado, se recusando a correr por causa da chuva. Levou o título por uma questão matemática. Se eu vencesse nessa última prova, será que ele se consideraria, no íntimo, um campeão? O Prost sabia que eu tinha conquistado nove pontos no Japão, uma prova antes, mas que me desclassificaram, me tiraram esses pontos. Com eles, eu seria o campeão. Qual é, então, o valor do título dele?

    PLAYBOY: Nesta prova do Japão, você foi desclassificado por causa de uma manobra irregular para voltar às pistas, depois que seu carro se chocou com o de Prost. Ron Dennis, o dono da McLaren, defendeu você. Ele disse que Prost jogou o carro sobre o seu. Foi isso mesmo?

    SENNA: O Prost virou o carro antes de entrar na curva, isso a gente vê pelos vídeos de televisão. Ele percebeu que eu estava ali e fez de propósito.

    PLAYBOY: É verdade que depois da prova Prost foi procurá-lo e você quase bateu nele?

    SENNA: Cheguei perto. Depois do que ele fez, vem se dizer triste pelo episódio? É algo fora da realidade. Eu disse para ele se afastar e cuidar da própria vida. Era o mínimo que eu poderia fazer.

    PLAYBOY: Depois de desclassificado da prova, você acusou os cartolas de manipularem o campeonato em favor de Prost e acabou ameaçado pelo presidente da Fisa [Federação Internacional de Esportes Automobilísticos], Jean-Marie Balestre, de ser excluído das provas deste ano. A briga se arrastou por três meses. Em todo este tempo, você sempre achou que estava certo?

    SENNA: Cem por cento.

    PLAYBOY: E por que se retratou, como Balestre exigia?

    SENNA: Mais uma vez, foram circunstâncias de uma situação em que a verdade foi colocada de uma maneira… [longo silêncio] que ainda hoje eu não posso responder.

    PLAYBOY: Quando disse que o campeonato foi manipulado, você expressou uma certeza que pelo menos os seus torcedores também tinham?

    SENNA: Hã-hã.

    PLAYBOY: E, na última hora, mudou de opinião?

    SENNA: Não, eu não mudei. Essa é que é a verdade. Eu não mudei. [Emocionado.] Mas, realmente, não posso falar sobre isso hoje. Teria sérias implicações.

    PLAYBOY: Sua vontade de continuar nas pistas está acima de tudo?

    SENNA: Em certos momentos, sim. Neste episódio, não. Quis deixar as corridas, cheguei a tomar esta atitude. Abri mão da minha profissão, totalmente. Mas as coisas se modificaram rapidamente e tomaram outro rumo.

    PLAYBOY: O que aconteceu?

    SENNA: Não entrarei em detalhes.

    PLAYBOY: Mas como você se sentiu tendo que se retratar?

    SENNA: Isso que você está dizendo não faz parte da realidade. E, no entanto, eu não posso falar hoje.

    PLAYBOY: Você teve o apoio de algum no piloto?

    SENNA: Não o suficiente para que colocássemos algo em prática com grande efeito. Existiram contatos e declarações do Maurício Gugelmin, do Michele Alboreto, do Thierry Boutsen.

    PLAYBOY: Qual desses apoios …

    SENNA: [Taxativo.] Este é um assunto sobre o qual não posso falar mais. Infelizmente.

    PLAYBOY: OK. Podemos esclarecer então como as coisas entre você e o Prost chegaram aonde chegaram?

    SENNA: Os problemas surgiram em meados de 1988, quando comecei a alcançá-lo no campeonato, ameaçando sua posição dentro da equipe. A pressão aumentou e ele começou a espernear. Tentou desestabilizar o bom ambiente de trabalho, pois só assim poderia eventualmente me vencer. Em condições de igualdade, não tinha mesmo como.

    PLAYBOY: Seus adversários diziam que ele acertava o carro, e que você vinha na cola, aprendendo. Era assim?

    SENNA: Eu tinha que aprender com ele, que é experiente e conhecia a McLaren há muitos anos. Só junto dos que sabem posso evoluir e superá-los. Foi minha estratégia. Deu certo.

    PLAYBOY: Vocês passaram a temporada de 1988 tentando manter as aparências. Em abril de 1989, em Ímola, a bomba explodiu. Ele o acusou de ser traidor e não cumprir acordos de cavalheiros dentro das pistas. O que houve de verdade?

    SENNA: Como nossos carros eram superiores aos outros, combinamos de poupar a máquina na largada, não ultrapassando na primeira freada da primeira curva. Veio a largada, ele ficou em primeiro. Só que peguei seu vácuo, ganhei velocidade e consegui ultrapassá-lo antes da curva. E fui embora. Ele começou a apertar de tal forma o ritmo que rodou, foi para o outro lado da pista, fez o diabo. Depois da corrida, estava muito ‘pê da vida’. Jogou a culpa da derrota em mim, dizendo que traí o acordo. E começou a maior encrenca.

    PLAYBOY: Como foi isso?

    SENNA: Ímola foi a gota d’água de uma situação que vinha desde 1988, quando ele perdeu o campeonato para mim. Prost ficou numa pior. Tanto é que tínhamos um treino na Inglaterra e ele ficou na França, ameaçando parar de correr. Isso seria terrível para a McLaren, que não teria como substituí-lo naquele momento. O Ron Dennis, desesperado, me pressionou para uma solução. Nós dois combinamos que eu daria ao Prost uma válvula de escape, para ele se recuperar. Sentamos depois os três e eu assumi a culpa. Abri uma via de fuga para ele emergir um pouco.

    PLAYBOY: A versão do Prost é diferente. Ele diz que você traiu o acordo e, pressionado pelo Ron Dennis, confessou e até chorou.

    SENNA: É verdade. Chorei. O estado dele me impressionou. O Prost estava desestruturado, não tinha condições de continuar correndo. Simplesmente não existia mais.

    PLAYBOY: Você quer dizer que chorou de pena?

    SENNA: Exatamente. Mas ele nunca foi capaz de entender. Na semana seguinte, em Mônaco, soltou outra versão para a imprensa francesa. Não respondi. Segurei firmão e aguentei mais uma vez. Quis provar na pista que era maior do que ele. Por coincidência, tive uma sorte incrível: geralmente estou sozinho, mas naquela corrida a Xuxa estava no meu apartamento, em Montecarlo. Eu fazia o trabalho na pista e voltava correndo para junto dela. Não dava espaço para comentário sobre a briga. Mas, para mim, ele já não existia.

    PLAYBOY: E o Ron Dennis, nessa história toda?

    SENNA: Na prova seguinte, no México, o Prost foi reclamar com o Ron que eu não falava mais com ele. “Depois do que você fez, quer que o Ayrton continue seu amigo?” Foi a resposta que ouviu. A carreira dele estava encerrada na McLaren. O Ron não queria mais o Prost na equipe. Não tinha como falar, mas o francês percebeu e foi para a Ferrari.

    PLAYBOY: Antes de ser campeão, você não dizia que ele era o melhor piloto do mundo?

    SENNA: Sem dúvida. De todos os corredores que estão na F-1, Prost é um dos mais completos.

    PLAYBOY: E o professor, como os franceses o chamam?

    SENNA: Não. É um grande piloto.

    PLAYBOY: Depois de vencê-lo, você não se considera melhor do que ele?

    SENNA: Palavras não se aplicam. Das cinco primeiras corridas deste ano, liderei todas, venci três e consegui quatro pole positions. Os resultados falam. É lógico que tenho minha opinião, e ela é clara. Mas não devo revelar.

    PLAYBOY: Ron Dennis garante que você é o melhor.

    SENNA: Ele já trabalhou com muitos campeões, e tem a visão não só do resultado final mas de como se chegou àquele resultado. Vindo do Ron, é um complemento realmente muito especial.

    PLAYBOY: Você então é “obrigado” a concordar quando ele diz: Senna é o melhor?

    SENNA: [Sorrindo.] Não posso discordar.

    PLAYBOY: Antes da briga, o Prost disse que, se fosse dono de uma escuderia, iria contratá-lo como piloto. Piquet já fez declaração idêntica. E você, quem colocaria em sua equipe?

    SENNA: Esta hipótese não existe.

    PLAYBOY: E só uma maneira de falar quem são, na sua opinião, os melhores pilotos.

    SENNA: Não vão ter isso de mim. Se o Mansell é o melhor, ou o Berger, ou o Piquet, ou o Prost… São todos grandes pilotos.

    PLAYBOY: Você não dá o braço a torcer, hein? Ayrton Senna é mesmo a pessoa difícil que parece?

    SENNA: Tenho personalidade forte e ideias muito claras. Talvez por isso encontre tantas dificuldades e faça alguns inimigos na F-1. Além disso, incomodo muita gente.

    PLAYBOY: As pessoas sentem inveja?

    SENNA: Este sentimento faz parte.

    PLAYBOY: Piquet também pensa assim. Ele declarou a PLAYBOY que você o invejava.

    SENNA: É a opinião dele.

    PLAYBOY: Na ocasião, fez também uma acusação: lendo seu contrato na Lotus, ele descobriu que você recebia metade do valor que declarava à imprensa.

    SENNA: [Irônico.] Talvez seja uma declaração infeliz, um engano. Ele aceitou o contrato que deixei. Aliás, entrou ganhando menos do que eu ganharia se continuasse na equipe.

    PLAYBOY: Quando a Lotus anunciou a contratação de Piquet no final de 1987, você ainda não acertara com a McLaren. Para todos os efeitos, não teria sido uma demissão? Como você se sentiu integrando o time dos “descamisados”?

    SENNA: Eu decidi sair, essa é a verdade. Tinha propostas da Ferrari e da McLaren, e falei para o Peter Warr, chefe da Lotus, que não continuaria na equipe. Ele tentou me segurar de todas as maneiras possíveis, inclusive financeiras. Até o dia em que deixei claro que a decisão não tinha volta. Saíram então desesperados atrás de outro piloto. No sufoco, arrumaram o Piquet, e tentaram passar ao mundo que tinham me tirado. Quem não sabe, pensa que saí correndo atrás da McLaren, mas na verdade minhas conversas com os ingleses já estavam bem adiantadas. Só não assinamos o contrato antes porque a negociação era complexa.

    PLAYBOY: De qualquer forma, a Lotus não pegou você de surpresa ao contratar Piquet?

    SENNA: O que me pegou de surpre-sa foi apenas eles tornarem o fato público sem me comunicarem oficialmente antes.

    PLAYBOY: Mas você nem sequer sabia que negociavam com outro piloto…

    SENNA: Eu sabia! Tinha contatos na Reynolds, patrocinadora da Lotus, e na Honda, que fornecia o motor. Me chegavam informações de todos os lados, confidenciais, importantíssimas, a respeito de tudo. Eles estavam em uma sala de Londres, no escritório da Reynolds, negociando “secretamente” com o Piquet — e eu sabia de tudo. Soube cada passo do acordo e até o minuto exato em que assinaram o contrato.

    PLAYBOY: Como?

    SENNA: Estava dentro do meu carro de passeio, uma Mercedes com telefone, e recebia vários chamados da Reynolds. Eles estavam reunidos com Piquet e com a Lotus, mas ainda indecisos de fechar negócio. Dependiam da minha posição. Na última hora, um executivo saiu da sala, me telefonou, e eu confirmei que estava mesmo fora da equipe. Só depois disso, finalmente assinaram o contrato com ele. Piquet deu risada, mas eu já estava me divertindo bem antes. Quem gosta de mim ficou ‘pê da vida’, achando que me passaram a perna. Mas a verdade sempre vem à tona — como veio agora.

    PLAYBOY: Por essas e outras, você vive repetindo que “o circo da F-1 é nojento”. Você se refere à briga entre os pilotos, aos cartolas, ou aos interesses econômicos das escuderias e dos patrocinadores?

    SENNA: Talvez tenha sido um pouco agressivo e me expressado mal. A F-1 é um grande espetáculo. Mas, como toda atividade de grande penetração, tem problemas que tiram muito do sabor do esporte.

    PLAYBOY: Você estaria falando da Marlene Mattos, empresária da Xuxa?

    SENNA: Não vou citar nomes. Mas, quando a coisa começou a escapar para a imprensa, me incomodou. Eu sabia que aquilo só daria mais lenha para quem dizia que tudo era promoção. Não era, eu garanto. Foi uma fase muito especial da minha vida.

    PLAYBOY: Você se dava bem com a Marlene?

    SENNA: É uma personalidade… complicada.

    PLAYBOY: É verdade que você pediu a Xuxa em namoro para ela?

    SENNA: [Rindo.] Entrei em contato com a Xuxa através da Marlene, a quem pedi o telefone dela. Mas nunca a pedi em namoro para ninguém.

    PLAYBOY: Quando vocês desmancharam?

    SENNA: Em março. Por coincidência, assisti outro dia a uma entrevista dela no Fantástico, falando da vida íntima, falando de mim.

    PLAYBOY: Naquela ocasião, Xuxa disse que não tinha muito tempo para o namoro, e que você não entendia, pegava no pé…

    SENNA: Sem dúvida, eu tinha mais tempo. Mesmo assim, ficávamos juntos duas semanas, e separados quatro. O grande problema é que a Xuxa delira pela profissão, e simplesmente se fecha no seu mundo. Acho que fui um dos únicos que conseguiram entrar nele. Conheci coisas muito, muito particulares cio interior da Xuxa. Como ela, eu também sou especial. Apesar disso, era difícil. A Xuxa não dá condições para o relacionamento. Não tem tempo de pensar para valer em uma família, em ter seu baixinho, sua baixinha. Essas coisas não caem do céu. Ela sonha, mas não trabalha para mudar sua vida.

    PLAYBOY: Você queria algo mais firme?

    SENNA: Tanto é que investi para isso.

    PLAYBOY: Não foi correspondido?

    SENNA: Não. E eu já tive diversos relacionamentos para saber o que desejo. Não quero o aqui e o agora. Busco o futuro. Da maneira como estava indo, a Xuxa seria apenas mais uma. Eu não queria isso, de forma alguma. Resolvi que não era por aí.

    PLAYBOY: Quem tomou a iniciativa de terminar o namoro?

    SENNA: Tanta gente está se mordendo para saber, não? Com certeza, não vai sair da minha boca. Pode sair de pessoas próximas a ela, que sabem de tudo.

    PLAYBOY: Mas, afinal, a Marlene Mattos atrapalhou o namoro?

    SENNA: Ela não ajudou nem um pouco.

    PLAYBOY: Você já amou profundamente uma mulher?

    SENNA: [Depois de refletir.] Me conhecendo como eu me conheço, tendo passado por várias separações dolorosas nos últimos doze anos [longo silêncio], posso dizer que uma única vez, em toda a minha vida, senti lá dentro o desejo de ter uma nova família. Uma única vez, em toda a minha vida, sonhei em ter uma criança. Foi… com ela. Com a Xuxa.

    PLAYBOY: Você já foi casado, mas não gosta de falar sobre o assunto. Por quê?

    SENNA: Tem coisas que pertencem só a gente, e não se comenta toda hora. Mas talvez seja o momento de conversar sobre isso. Casei em fevereiro de 1981, com uma amiga de infância [Lílian Vasconcelos Sousa]. Eu estava começando a correr na Europa, e nos mudamos para lá. Ela cozinhava muito bem, por sinal. Uma série de coisas aconteceram, e voltei ao Brasil, oito meses depois, para trabalhar nos negócios do meu pai e deixar as pistas. Não deu certo e, em março de 1982, decidi mudar de novo a minha vida, voltar para a Europa, para as pistas, e me separar.

    PLAYBOY: A Lílian não cabia nos seus planos?

    SENNA: O casamento foi um erro. Éramos muito jovens. Não dava para insistir em um equívoco que se transformaria em um problema ainda maior caso viessem crianças, por exemplo. Não me arrependo, principalmente porque tudo aconteceu sem mágoas. Não temos contato, mas sei que ela formou uma nova família e é feliz.

    PLAYBOY: Vocês não chegaram a se amar?

    SENNA: Não vou entrar nesse detalhe. Mas não me arrependo de nada.

    PLAYBOY: Durante um tempo, correu o boato de que seu casamento teria sido anulado. Havia fundamento nisso? [No Brasil, um casamento só pode ser anulado, na maioria dos casos, quando é comprovado o chamado erro essencial em relação ao cônjuge.]

    SENNA: Nunca abro minha vida amorosa e não apareço em público com mulheres. Como foi impossível me destruir nas pistas, usaram o meu jeito de agir para inventar essas histórias, questionando o quanto homem eu sou, o quanto deixo de ser. É outra experiência muito triste na minha vida. A moral de uma pessoa é intocável. Esta conversa de anulação foi outra invenção absurda. Não existiu absolutamente nada. Foi um processo normal, com desquite e divórcio. Jamais coloquei um fim nisso porque não tinha nada a temer ou a provar. Mas não há mentira que resista ao tempo. Entra mês, sai mês, fatos normais da minha vida vão pouco a pouco derrubando esse assunto desagradável.

    PLAYBOY: Uma associação de pilotos atuante não poderia ao menos equilibrar esses interesses? No caso de sua briga com Balestre, por exemplo, ela não teria um papel importante?

    SENNA: A união entre os pilotos funcionou em alguns períodos, mas hoje é completamente inviável. Os interesses colidem. Existe alguns que, pela posição que ocupam, têm muita força — mas estão do outro lado da cerca. Há os que, em equipes menores ou posições secundárias, têm pouco poder de fogo. Nem perco meu tempo pensando em um movimento desses.

    PLAYBOY: Quando usou a palavra “nojento”, você certamente não estava se referindo às belíssimas mulheres que circulam nos bastidores do circo. É difícil não cair em tentação?

    SENNA: É difícil, lógico. já resisti a esse assédio, já deixei de resistir, já me aconteceu de tudo.

    PLAYBOY: Seu treinador físico no Brasil, Nuno Cobra, garante que você é um campeão não apenas com a McLaren, mas também com outras “máquinas”…

    SENNA: [Tímido, toma um copo de suco antes de responder.] Não me lembro de reclamações. Sou muito carinhoso.

    PLAYBOY: Você já falhou?

    SENNA: Já — uma única vez, em 1982. Eu era meio garoto, estava começando no automobilismo, na Inglaterra. Ela era superatraente. E aconteceu, né? Não é que falhei, mas fui obrigado a me empenhar para manter a… performance.

    PLAYBOY: Teve que acionar o turbo?

    SENNA: [Risos.] Na época não existia turbo. Tampouco meu condicionamento era bom, como diz o Nuno Cobra. Mas foi ótimo que tenha acontecido isso. Até os 20 anos, mantive relacionamento com mulheres apenas pela atração física. Nesta ocasião, tive um sinal de que já não funcionava da mesma maneira. Começava a tomar conta de mim o lado astral, de dar importância à personalidade e a certos detalhes especiais. Foi um marco, o início de uma grande mudança.

    PLAYBOY: E a primeira vez, como foi?

    SENNA: Primeira vez? Bem, eu tinha 13 anos. Lembro que saí com um primo mais velho, de 20, e fomos a uma boate no centro de São Paulo. Eu era um catatauzinho naquela idade, e não consegui entrar. Fiquei na porta, dentro do carro, olhando as pessoas que entravam no lugar. De repente, vi chegar uma mulher enorme, enorme mesmo. Dali a pouco sai meu primo da boate com aquele mulherão. E foi minha primeira vez.

    PLAYBOY: Era loura ou morena?

    SENNA: [Rindo muito.] Não vem ao caso.

    PLAYBOY: Por quê?

    SENNA: Porque não.

    PLAYBOY: Por que tanto mistério?

    SENNA: Era loura. Foi um barato. Mais tarde percebi que não tinha nada a ver, mas na época foi bom. Aos 13 anos, é difícil para o homem encontrar uma namoradinha para transar. Mesmo as meninas de 15 anos, que têm uma cabeça aberta e já curtem, procuram garotos de 18 anos. Não tive a menor chance.

    PLAYBOY: Só uma dúvida: a primeira vez foi no carro?

    SENNA: [Risos.] Não. Foi no apartamento dela. Tudo muito bem realizado.

    PLAYBOY: Quanto tempo, nessa vida agitada, de piloto, você já ficou sem transar?

    SENNA: Perdi a conta, para dizer a verdade… Puxa, é uma coisa tão pessoal! [Silêncio.] Acho que foi quando me separei. Fiquei seis meses sem encostar a mão em uma mulher.

    PLAYBOY: Por quê?

    SENNA: Não estava a fim. É uma situação difícil, mas as coisas se passaram dessa maneira. Pintavam oportunidades, mas não estava preparado, não tinha cabeça para isso. Não encontrava alguém interessante, que me motivasse. Eu tenho um padrão muito elevado.

    PLAYBOY: Você leva cantada de fãs?

    SENNA: Levo. Uma vez, na Itália, uma maluca bateu na porta do meu quarto no hotel. Eu abri e ela foi me empurrando para dentro.

    PLAYBOY: E aí?

    SENNA: Empurrei de volta para fora. [Risos.] Foi engraçado.

    PLAYBOY: Você nunca retribuiu?

    SENNA: Já aconteceu. Em 1988, depois do GP do Canadá, uma inglesa me pediu um beijo, usando inclusive um termo — hug — que eu não conhecia. E perguntou: “Can you have a hug?” [Posso ter um abraço?] Me assustei, e a Lisa, mulher do Ron Dennis, que é americana, me explicou o significado. Imediatamente respondi: “Why not?”

    PLAYBOY: Sexo antes das corridas atrapalha?

    SENNA: Pelo contrário. Me sinto bem. Dá um grande equilíbrio na hora de encarar a prova.

    PLAYBOY: Você já sentiu dor de barriga no meio de uma corrida?

    SENNA: Só antes da largada — várias vezes, por sinal. Durante uma prova, já me aconteceu coisa pior. Tive espasmo muscular por todo o corpo, a ponto de não poder respirar de tanta dor. Foi na minha segunda corrida de F-1, 1984. Não estava preparado fisicamente para correr durante 2 horas, naquele calor, perdendo líquido. Fui até o final pela ânsia de chegar e marcar o primeiro ponto.

    PLAYBOY: Quantos quilos você emagrece em cada prova?

    SENNA: Dois quilos, em média. Se faz calor, três. Mas é algo que se repõe rapidamente, bebendo água.

    PLAYBOY: Como é seu preparo, antes e depois das corridas?

    SENNA: Desde 1984, sigo um programa de condicionamento físico. De dezembro a março, quando não há provas, fico no Brasil e corro cinco dias por semana, de 8 a 10 km, no centro esportivo da USP. Depois viajo e procuro manter o ritmo. Na McLaren tem também uma pessoa que me acompanha, faz massagem, cuida da alimentação na época dos treinos. Como muita verdura, carboidratos, peixe, frango e massa e evito carne vermelha. No café da manhã, costumo comer cereais, fibras e frutas. Na época da corrida, de quinta a domingo, a alimentação é muito mais controlada.

    PLAYBOY: O que mais muda no seu dia a dia?

    SENNA: Tudo. Tenho horário para tomar café, chegar à pista, entrar no carro, sair, almoçar, voltar para o carro. Cada passo é cronometrado, segundo a segundo, e o trabalho é duro, non stop. Na noite anterior à corrida, procuro dormir cedo, pois levanto entre 7 e 8 da manhã. Essas regras variam de país para país, mas a rotina é quase sempre a mesma. O objetivo é chegar na hora da corrida com o maior equilíbrio possível.

    PLAYBOY: E como fica seu coração na hora da prova?

    SENNA: Pior que o de muito torcedor! Minha frequência cardíaca, em dias normais, é de 60 batimentos por minuto. Na largada, eles chegam a 150. Nos picos da corrida, a 190.

    PLAYBOY: Tudo isso é medo?

    SENNA: E tensão, preocupação em não errar na troca de marchas ou na ultrapassagem. O medo vem antes da corrida, quando estou só, comigo mesmo. O risco de acidentes é uma constante em minha vida. Tenho muito receio, não só de morrer como de me machucar. O que é bom, pois é um sentimento de preservação da vida, que não me deixa passar de certos limites.

    PLAYBOY: Qual foi o pior acidente em que você já se envolveu?

    SENNA: Graças a Deus, até hoje só quebrei um dedo, numa batidazinha boba de kart em Interlagos, em 1974.Dez anos depois, tive uma batida mais feia no circuito de Hockenheim, na Alemanha, uma pista superveloz. O aerofólio da minha Toleman quebrou e dei seis voltas de 360 graus, a 280 quilômetros por hora. Não deu tempo nem de fechar o olho. A única coisa em que consegui pensar foi na frente do carro. Me firmei no cockpit e rodei para bater de traseira. É a melhor posição para se tomar uma pancada. De frente, pode ser fatal, e de lado também é perigoso. Este foi meu acidente mais grave. Mas já passei por uma situação de risco muito maior.

    PLAYBOY: Como foi?

    SENNA: Na tomada de tempo para a corrida de Mônaco de 1988. Eu já tinha conseguido a pole, mas continuei na pista. A cada nova volta, aumentava a diferença para os outros pilotos, até que cheguei a ficar 2 segundos na frente — o que é uma eternidade numa corrida. Eu estava me superando a cada volta, e simplesmente entrei em outra dimensão. Por causa da velocidade, as referências de espaço e de tempo se modificaram. Não via a pista, ela tinha virado um túnel. A distinção entre o homem e a máquina deixou de existir: me fundi com o carro, viramos a mesma coisa. Depois de cinco voltas, tive um estalo, uma agulhada, e acordei para a situação de extremo perigo em que estava. Meu corpo começou a tremer, e fui para os boxes.

    PLAYBOY: Levou um tremendo susto?

    SENNA: Lógico. Fiquei morrendo de medo. Eu conseguia controlar o carro, mas estava entrando no inconsciente. E por aí não conheço, não sei o que pode acontecer.

    PLAYBOY: Muitas pessoas acham que, para passar a vida dando voltas numa pista e se arriscando, só sendo meio pirado. O que você pensa disso?

    SENNA: Quem não tem equilíbrio não sobrevive nesse esporte.

    PLAYBOY: Você faz terapia?

    SENNA: Já fiz duas vezes — uma há dois anos, e a outra no final de 1988. Me conheci melhor, foi muito bom. Se tivesse tempo, voltaria às consultas, sem dúvida.

    PLAYBOY: Sua vida fora das pistas também é uma corrida contra o relógio?

    SENNA: Em termos. Poderia ter dezenas de atividades, inclusive promocionais, que me trariam muito dinheiro. Mas recuso, porque as corridas consomem quase toda a energia. Na Europa, procuro descansar o máximo possível. Deito cedo, durmo até meio dia e quase não saio de meu apartamento em Montecarlo. Nem para almoçar ou jantar. A Isabel, uma portuguesa que trabalha comigo, cozinha muito bem. No final da tarde, faço cooper. Mas procuro ficar o menor tempo possível na Europa. Se tenho uma semana livre, volto ao Brasil.

    PLAYBOY: E aqui, o que você faz?

    SENNA: Fico o mais longe possível de meu escritório, senão eles me arrumam trabalho [risos]. Gosto de ficar em casa, com meus três sobrinhos. Viajo também para minha fazenda, em Tatuí, no interior de São Paulo. Lá tem dois lagos enormes, onde brinco de jet-ski, esqui aquático, barco de radiocontrole. Tem também uma pista de kart, onde aposto corrida com Bruno, meu sobrinho de 5 anos. Ando de moto, bicicleta, faço cooper. Enfim, curto tudo o que amo, e que fica longe de mim tanto tempo.

    PLAYBOY: Você lê muito?

    SENNA: Bem pouco. Não tenho paciência. É um grande defeito.

    PLAYBOY: Nem o que publicam a seu respeito?

    SENNA: Muito pouco.

    PLAYBOY: E cinema?

    SENNA: Gosto de filmes que não sejam parados.

    PLAYBOY: De música você gosta bastante, não é?

    SENNA: Adoro. Viajo sozinho a maior parte do tempo, então levo meu walkman, com duas caixinhas de som. Chego ao hotel e ligo a TV, mas a programação do exterior não tem nada a ver com minha cabeça. Então, fico ouvindo som — qualquer tipo de música, que meu irmão grava para mim. Gosto muito de Gal, Gil… [coça a cabeça] Gilberto… Gilberto Gil, é isso mesmo? Também curto Simone, Elba Ramalho e Caetano.

    PLAYBOY: Você vai a shows?

    SENNA: Difícil. No exterior, mais por falta de companhia. No Brasil, prefiro ficar em casa.

    PLAYBOY: Mas, em São Paulo, você dá suas escapadas noturnas, não?

    SENNA: Vou a alguns restaurantes com amigos e já fui em boates. Frequentava o Gallery, mas isso há muito tempo.

    PLAYBOY: Até já tomou alguns drinques a mais por lá, não é?

    SENNA: [Risos.] Já peguei algum fogo. Mas não bebo muito. Se pinta vinho ou champanhe — Moêt et Chandon, por exemplo —, eu encaro. Depois do GP de Mônaco, recebi amigos no meu apartamento e tomei um cálice de vinho, coisa que não acontecia há muitos anos. Uísque e cerveja, por exemplo, nem pensar.

    PLAYBOY: Já experimentou alguma droga?

    SENNA: Lança-perfume é droga? Eu já cheirei. Na primeira vez, gostei: mas na segunda, não curti, e parei por aí. Não preciso disso. Mesmo cigarro normal, experimentei e não gostei.

    PLAYBOY: E como você se sente sendo patrocinado pela Marlboro?

    SENNA: A marca está ali no carro, mas não forço ninguém a fumar. A Philip Morris deu uma contribuição inestimável ao automobilismo. Foi ela que financiou a divulgação do esporte e deu a tanta gente a possibilidade de curtir uma corrida. Vejo por esse lado, e não pelo lado negativo que os outros enxergam, de que o cigarro é ruim, faz mal para a saúde.

    PLAYBOY: Mas é ruim, ou não?

    SENNA: É indiscutível que não traz muitos benefícios à saúde. Por outro lado, você vê gente que para de fumar e engorda.

    PLAYBOY: Quem nunca consumiu cigarro não enfrenta esse problema. Então sua campanha seria: “Nem comece..?

    SENNA: Eu admito que… nunca poderia participar de uma campanha desse tipo. Por razões óbvias.

    PLAYBOY: já que estamos falando de patrocínio: quanto você tinha guardado no Banco Nacional quando o Plano Collor resolveu fechar as torneiras do país?

    SENNA: O suficiente para sentir a paulada. Mas foi uma medida necessária. O presidente Collor é um grande líder, e há muito tempo o Brasil precisava de alguém assim. Acho que ele é muito bom.

    PLAYBOY: Você votou nele?

    SENNA: Votei, mas só no segundo turno. No primeiro, estava viajando.

    PLAYBOY: Enquanto construía Interlagos, a prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, do PT, não tentou ganhar seu voto para o Lula?

    SENNA: Não tem nada a ver. Fui procurado por quase todos os candidatos, que queriam apoio. Mas não sou político, não entendo e nem quero. Sou livre e optei por quem buscava o melhor para todos.

    PLAYBOY: Os carros brasileiros são mesmo carroças, como disse Collor?

    SENNA: Não. O único problema é que têm um custo alto se comparados ao carro europeu e, sobretudo, ao japonês. A restrição à importação de tecnologia dificultou a evolução do produto brasileiro. Com a maior abertura que se está anunciando, a qualidade deve melhorar.

    PLAYBOY: Quais são os melhores carros de passeio do mundo?

    SENNA: Eu importaria qualquer um da Mercedes, na Europa, e da Honda, no Japão — uma fábrica jovem no mercado, mas que tem um produto incrível. A Toyota e a GM também têm bons carros. Isso porque a competitividade nos países deles é grande. E isto que o presidente Collor pretende trazer para o Brasil.

    PLAYBOY: O que você achou de o Arnon, filho dele, pedir a ajuda do primeiro-ministro francês para resolver o impasse de sua briga com o Balestre?

    SENNA: Muita gente ficou brava com aquilo. Foi uma coisa pura do garoto, algo bem especial. Eu o conheci no GP do Brasil, mas nem pudemos conversar com aquela confusão tremenda. Dei um broche do meu capacete de presente para ele e para seu irmão também. Eles devem ter guardado.

    PLAYBOY: Até o final do campeonato, os brasileiros esperam que você suba ao pódio muitas vezes. Se, em uma delas, Balestre confundí-lo com o Jean Alesi e vier lhe dar um beijo, como fez com o piloto francês em Mônaco, como você vai reagir?

    SENNA: Não existe a menor possibilidade de ele se enganar [risos]. Algum dia vou poder falar sobre esse assunto com mais clareza.

    Os números da carreira de Ayrton Senna

    • Equipes: Toleman, Lotus, McLaren, Williams
    • Títulos: 3 (1988, 1990, 1991)
    • Vice-campeonatos: 2 (1989, 1993)
    • Vitórias: 41
    • GPs: 161
    • Temporadas: 11 (de 1984 a 1994)
    • Poles positions: 65
    • Pódios: 80
    • Pontos: 614
    • Voltas mais rápidas: 19
    • Abandonos: 60
    • Voltas lideradas: 2931 voltas
    • Hat-trick (pole, vitória e volta mais rápida): 7
    • Grand chelem (pole, volta mais rápida e vitória de ponta a ponta): 4

  • Brasil fecha 1ª fase da Copa do Mundo com aproveitamento 100%

    Brasil fecha 1ª fase da Copa do Mundo com aproveitamento 100%

    Seleção brasileira goleou a Tailândia por 9 a 1 nesta sexta-feira

    O Brasil goleou a Tailândia por 9 a 1, nesta sexta-feira (20) no Uzbequistão, para fechar a primeira fase da Copa do Mundo de futsal com 100% de aproveitamento. Com isso a seleção brasileira garantiu a liderança do Grupo B, que também conta com Cuba e Croácia.

    O triunfo da equipe comandada pelo técnico Marquinhos Xavier diante da Tailândia foi garantido com gols de Marcel (três), Felipe Valério, Pito (dois), Marlon, Rafa e Ferrão. Nas três partidas iniciais da competição a seleção brasileira marcou 27 gols e sofreu apenas 2.

    “Foi uma primeira fase bem-feita. Trabalhamos muito para chegarmos aqui bem preparados. É um esporte difícil, de muita imprevisibilidade, e às vezes você faz tudo certo e às vezes não acontece também”, declarou Marquinhos Xavier sobre a participação do Brasil na primeira fase da Copa do Mundo.

    O time brasileiro volta a entrar em ação a partir das 9h30 (horário de Brasília) da próxima terça-feira (24) em Bukhara (Uzbequistão), pelas oitavas de final. O adversário ainda não foi definido.

  • Copa América de Futsal Feminino 2025 será no Brasil

    Copa América de Futsal Feminino 2025 será no Brasil

    Competição continental retorna ao país após aprovação da CONMEBOL, fortalecendo o futsal feminino

    A Copa América de Futsal Feminina de 2025 será realizada no Brasil, marcando a primeira vez que o país recebe o torneio sob a organização da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e da CONMEBOL. O anúncio foi feito oficialmente pela entidade sul-americana, destacando o papel do Brasil como uma referência na modalidade.

    A competição reunirá as principais seleções do continente, que disputarão o título da mais importante competição de futsal feminino da América do Sul. Além de fortalecer a visibilidade e o desenvolvimento do futsal feminino, o evento será uma grande vitrine para atletas e clubes, impulsionando ainda mais a prática da modalidade no país.

    Com expectativa de grande público e cobertura midiática, a Copa América de Futsal Feminina promete um alto nível técnico, sendo uma oportunidade única para as seleções mostrarem seu talento. O Brasil, que já possui uma forte tradição no futsal, agora busca também o protagonismo no cenário feminino, visando não apenas o título, mas também o fortalecimento da modalidade no cenário interna

    Brasil será sede da Copa América de Futsal Feminina 2025cional.

  • Tabu mantido no Maracanã

    Tabu mantido no Maracanã

    Peñarol segura o jogo e mais uma vez vence o Flamengo no Maracanã

    O Flamengo sofreu uma derrota por 1 a 0 para o Peñarol, no jogo de ida das quartas de final da Libertadores, realizado no Maracanã. Com o resultado, os rubro-negros enfrentam uma situação complicada na busca pela vaga na semifinal.

    O único gol da partida foi marcado por Cabrera, que aproveitou uma jogada de contra-ataque aos 12 minutos do primeiro tempo. Apesar de criar boas oportunidades na primeira etapa, o Flamengo não conseguiu encontrar o caminho das redes.

    No segundo tempo, a situação piorou para os cariocas, que mostraram dificuldades em se organizar e cometeram erros que frustraram ainda mais a torcida. Nos momentos finais, gritos de descontentamento foram ouvidos, com os torcedores criticando a atuação do técnico Tite.

    Com a derrota, o Flamengo precisa vencer o jogo de volta, na próxima quinta-feira, em Montevidéu, por pelo menos dois gols para avançar. O Peñarol, por sua vez, joga pelo empate, enquanto uma vitória rubro-negra por um gol levará a decisão para os pênaltis.8

    Ficha do jogo

    Flamengo 0 X 1 Peñarol

    Local: Maracanã, Rio de Janeiro-RJ
    Data: 19 de setembro de 2024, quinta-feira
    Horário: 19h00 (de Brasília)
    Competição: Copa Libertadores
    Árbitro: Jesús Valenzuela (VEN)
    Assistentes: Jorge Urrego (VEN) e Tulio Moreno (VEN)
    VAR: Juan Soto (VEN)
    Cartões amarelos: Gonzalo Plata, Erick Pulgar (Flamengo); Damián García, Javier Méndez (Peñarol)
    Acréscimos: +3 (1ºT) e +6 (2ºT)
    Público: 64.396 torcedores

    Gols da partida

    PEÑAROL: Javier Cabrera (12′ do 1ºT)

    Assistência

    PEÑAROL: Maximiliano Silvera (12′ do 1ºT)

    Escalações de Flamengo e Peñarol

    FLAMENGO: Rossi; Varela (Wesley), Fabrício Bruno, Léo Pereira e Alex Sandro (Ayrton Lucas); Erick Pulgar (Alcaraz), De La Cruz (Léo Ortiz) e Arrascaeta; Gerson (C), Gonzalo Plata (Carlinhos) e Bruno Henrique.
    Técnico: Tite

    PEÑAROL: Washington Aguerre; Pedro Milans (Camilo Mayada), Guzmán Rodríguez, Javier Méndez e Maximiliano Olivera (C); Damián García, Eduardo Darías (Gastón Ramírez); Javier Cabrera (Leonardo Sequeira), Leonardo Fernández e Jaime Báez (Lucas Hernández); Maximiliano Silvera (Facundo Batista).
    Técnico: Diego Aguirre

  • Liga dos Campeões: os clubes com maior alcance nas redes sociais e YouTube

    Liga dos Campeões: os clubes com maior alcance nas redes sociais e YouTube

    Times da Espanha, Inglaterra e Itália dominam top 10 em estudo que compreende quatro plataformas

    Por: Torcedores.com

    Uma nova fase da Liga dos Campeões começa na atual edição. A partir da temporada 2024/25, 36 clubes estarão na disputa (não mais 32). A fase de grupos sai de cena, para entrar um formato de liga: cada clube jogará oito partidas com adversários definidos por sorteio.

    Quando todos os times jogarem suas partidas, os oito que mais pontuaram avançam diretamente às oitavas de final. Do 9° colocado ao 24°, haverá um mata-mata para definir os outros classificados. A partir das oitavas, a competição segue com os mesmos moldes de antes, com jogos de ida e volta e a final em partida única. 

    Reunindo todos os 36 times do torneio, o Torcedores.com realizou um estudo sobre quais clubes possuem maior alcance digital com a soma dos seguidores das contas oficiais do Instagram, Facebook, TikTok e YouTube. Abaixo, veja o top 10 geral e os rankings por plataforma.

    Liga dos Campeões 2024/25: Clubes com maior alcance digital 

    • 1° Real Madrid 356.100.000 milhões  
    • 2° Barcelona 299.200.000 milhões 
    • 3° Paris Saint-Germain 166.610.000 milhões
    • 4° Juventus 151.250.000 milhões
    • 5° Manchester City 140.200.000 milhões
    • 6° Bayern de Munique 126.900.000 milhões
    • 7° Liverpool 117.600.000 milhões
    • 8° Arsenal 84.600.000 milhões
    • 9° AC Milan 62.560.000 milhões
    • 10° Inter de Milão 60.540.000 milhões

    Clubes com maior alcance no YouTube:

    • 1° Barcelona 18.400.000 milhões de inscritos
    • 2° Real Madrid 15.300.000 milhões de inscritos
    • 3° Liverpool 10.400.000 milhões de inscritos
    • 4° Juventus 8.450.000 milhões de inscritos
    • 5° Paris Saint-Germain 8.210.000 milhões de inscritos

    Clubes com maior alcance no Instagram: 

    • 1° Real Madrid 167.000.000 milhões
    • 2° Barcelona 129.000.000 milhões
    • 3° Paris Saint-Germain 63.700.000 milhões
    • 4° Juventus 60.400.000 milhões
    • 5° Manchester City 54.600.000 milhões

    Clubes com maior alcance no TikTok:

    • 1° Real Madrid 49.800.000 milhões
    • 2° Paris Saint-Germain 42.700.000 milhões
    • 3° Barcelona 37.800.000 milhões
    • 4° Juventus 35.400.000 milhões
    • 5° Manchester City 26.900.000 milhões

    Clubes com maior alcance no Facebook:

    • 1° Real Madrid 124.000.000 milhões
    • 2° Barcelona 114.000.000 milhões
    • 3° Bayern de Munique 60.000.000 milhões
    • 4° Paris Saint-Germain 52.000.000 milhões
    • 5° Manchester City 51.000.000 milhões

  • Terror das japonesas: Rayssa Leal é bicampeã mundial de skate

    Terror das japonesas: Rayssa Leal é bicampeã mundial de skate

    Brasileira de 16 anos brilhou com grande desempenho em Roma

    Duas vezes medalhista olímpica e agora duas vezes campeã mundial. Este é o currículo da maranhense Rayssa Leal, que conquistou o bi do mundo neste sábado (14), durante o campeonato mundial de skate street, em Roma, na Itália.

    Para sair com o título, Rayssa precisou de uma grande manobra, que garantiu a virada no final da competição. A skatista de 16 anos competiu contra outras sete atletas na decisão, todas elas japonesas. A brasileira foi campeã do mundo também em 2022.

    Agora, na primeira competição após os Jogos Olímpicos de Paris, Rayssa mostrou grande forma. No skate street, a disputa se inicia com cada atleta tendo direito a duas voltas dentro de um percurso, onde vale a melhor nota entre essas duas tentativas. A brasileira teve as duas melhores notas entre todas as competidoras, registrando primeiro um 86,44 e depois um 88,43 (nota que carregou para a continuação da final).

    A segunda parte da competição consiste em manobras únicas. Cada atleta tem direito a cinco tentativas e as duas melhores notas entram para o somatório. Nesta fase, Rayssa encontrou uma adversária ferrenha: Momiji Nishiya – ouro nos Jogos de Tóquio – emendou boas manobras em sequência, alcançando a maior nota única entre todas as finalistas, um 94.88. Com isso, pulou para a liderança, já que Rayssa não conseguiu completar as manobras nas duas primeiras tentativas.

    Pontuação

    Nas duas seguintes, no entanto, a brasileira encaixou boas performances e pontuou alto, primeiro com um 88,14 e depois um 93,99, que a fez superar Nishiya em sua penúltima tentativa. Restando apenas uma tentativa para cada atleta, somente Nishiya ainda tinha chances de tirar o título de Rayssa. No entanto, ela falhou em sua última manobra e a brasileira confirmou a conquista.    

    O feito de Rayssa chama a atenção porque ela competiu contra sete atletas do país considerado a maior potência na atualidade. Para se ter uma ideia, as duas edições do skate street em Jogos Olímpicos terminaram com vitória japonesa. Tanto em Tóquio quanto em Paris, Rayssa (prata em 2021 e bronze em 2024) foi a intrusa em pódios formados somente com atletas do Japão. Aliás, as quatro japonesas que estiveram nesses pódios (Momiji Nishiya, Funa Nakayama, Coco Yoshizawa e Liz Akama) também estavam presentes na final deste sábado.

    Pouco depois da decisão feminina, houve a final entre os homens. O Brasil foi representado por Kelvin Hoefler, que, após sair mancando de sua segunda volta, acabou desistindo da competição, terminando em oitavo lugar

  • O cartão de visitas foi dado: Brasil 10 X 0 Cuba

    O cartão de visitas foi dado: Brasil 10 X 0 Cuba

    Não poderia ser de melhor forma a estreia do Brasil na Copa do Mundo de Futsal Masculino, goleada sobre Cuba

    A partida de abertura do Brasil na Copa do Mundo de futsal, neste sábado (14), não poderia ter sido melhor. A seleção não tomou conhecimento de Cuba e aplicou uma goleada por 10 a 0 em Bucara, no Uzbequistão.

    Com o resultado, alcançado com gols de Marcel (3), Marlon (3), Neguinho, Felipe Valério, Pito e Arthur, a equipe pula para a ponta do grupo B, com três pontos, mesma pontuação da Tailândia, que derrotou a Croácia por 2 a 1. Os croatas, aliás, serão adversários do Brasil na sequência, na terça-feira (17), a partir de 12h, no horário de Brasília.

    O time comandado por Marquinhos Xavier mostrou sua superioridade logo de cara, abrindo 4 a 0 no primeiro tempo. No segundo, Marcel e Marlon, que já haviam marcado uma vez cada na primeira etapa, adicionaram mais dois gols cada e estenderam a vitória brasileira. O pivô Pito, recém-eleito o melhor do mundo na modalidade em 2023, também deixou o dele.

    A seleção manteve uma escrita de nunca ter sofrido um gol de Cuba e sempre sair com placares elásticos nos duelos contra este adversário. O Brasil venceu os cubanos por 18 a 0 em 1996 e por 9 a 0 em 2008. Curiosamente, nestas duas edições o Brasil saiu como campeão mundial.

    No Uzbequistão, o país busca sua sexta conquista depois de ficar sem o troféu nas duas últimas Copas, quando caiu eliminado para a Argentina, nas oitavas em 2016 e na semifinal em 2021. O Brasil foi campeão em 1989, 1992, 1996, 2008 e 2012 e é o maior vencedor da competição.

    Na Copa do Mundo, 24 seleções são divididas em seis grupos com quatro países cada. Classificam-se ao mata-mata as duas melhores campanhas de cada chave, além dos quatro melhores terceiros colocados.

  • Gabriel Bortoleto chega em Baku em busca da liderança da F-2

    Gabriel Bortoleto chega em Baku em busca da liderança da F-2

    Campeonato Mundial será disputada neste fim de semana, no Azerbaijão

    O piloto brasileiro Gabriel Bortoleto está neste fim de semana na cidade de Baku, no Azerbaijão, onde no circuito montado nas ruas da cidade ele disputará as provas da 12ª etapa do Campeonato Mundial de F-2.

    Vindo de uma apresentação irretocável na última etapa, disputada na Itália, quando ele largou de último para vencer a prova, o jovem brasileiro se colocou numa posição de briga direta pelo título da temporada. Atualmente com 154,5 pontos o piloto de São Paulo ocupa agora a vice-liderança do Campeonato a apenas 10,5 pontos do primeiro colocado, o francês Isac Hadjar.

    Apesar de muito bem classificado na competição Gabriel faz em 2024 o seu ano de estreia na Fórmula-2 e, com isso, a pista da capital do Azerbaijão é uma novidade para o brasileiro, que nas categorias anteriores nunca tinha competido lá. Apesar de ser um circuito de rua a pista de Baku tem extensão de impressionantes 6.003 metros permeados por 20 curvas. O desenho da pista, que mescla setores muito largos com outros bastante estreitos, oferece aos pilotos diferentes desafios ao longo das voltas. O recorde atual foi estabelecido ainda em 2017, por Charles Leclerc, com o tempo de 1m52s129. A Sprint Race, que será disputada no sábado contará com 21 voltas e, a Feature Race, no domingo, terá um total de 29 voltas.

    SEXTA FEIRA COMEÇOU AGITADA

    Na manhã desta sexta-feira 13 foram iniciadas as atividades de pista da etapa. Primeiro foi realizada a única sessão de treinos livres e, horas depois, a sessão classificatória. O treino foi marcado por duas interrupções com bandeiras vermelhas o que acabou por atrapalhar todo o cronograma de testes previstos pela equipe Invicta Racing.

    Quase que às escuras Bortoleto seguiu então para a sessão classificatória que definiria o grid de largada para as duas corridas do fim de semana. De forma cautelosa, com o primeiro jogo de pneus novos, Gabriel impôs um bom ritmo e, numa volta 100% segura, ele estabeleceu o tempo de 1m56s516 que lhe rendeu naquele momento a sétima melhor marca. Alguns minutos depois todos os carros voltaram para a pista, com um segundo jogo de pneus, para uma segunda tentativa de volta rápida. Gabriel, após uma volta de aquecimento, quando ia abrir a sua volta, foi surpreendido com nova bandeira vermelha e teve de retornar ao box. A esta altura restavam pouco mais de 4 minutos para acabar o treino. Todos os carros voltaram para os boxes e, quando a pista foi reaberta, a única saída possível era fazer o complemento de uma volta de aquecimento e estabelecer em única volta, o seu melhor tempo. Gabriel melhorou a sua marca em quase 1,2 segundos e, com o tempo de 1m55s330, assegurou a sexta melhor marca. Com o resultado o brasileiro irá largar na quinta posição na Sprint Race e, na sexta posição, na Feature.

    “Acredito que conseguimos um resultado bastante sólido hoje na classificação. Temos de manter as nossas cabeças focadas nas duas corridas. Certamente nosso objetivo é o de traçar uma boa estratégia para as duas situações e trabalhar para acumularmos o maior número de pontos. De uma forma geral entendo que tivemos um início forte aqui em Baku”, analisou o piloto patrocinado pela McLaren, Banco BRB, Porto, Snapdragon e Barthelemy.

    Confira abaixo os horários das corridas que terão transmissão, ao vivo, pelo canal por assinaturas Band Sports (Horários de Brasília).

    • Sábado (14/setembro)
      07:15 – 08:00 | Sprint Race
    • Domingo (15/setembro)
      04:35 – 05:40 | Feature Race
  • Corinthians anuncia Memphis Depay

    Corinthians anuncia Memphis Depay

    Atacante Holandês chega ao Brasil para reforçar o Timão

    Memphis Depay posa com o diretor Fabinho Soldado e a camisa do Corinthians — Foto: Divulgação

    O Corinthians oficializou a contratação de Memphis Depay. O atacante holandês, de 30 anos, assinou nesta segunda-feira um contrato válido até o fim de 2026, ainda na Holanda.

    A expectativa é que ele desembarque no Brasil na quarta-feira e seja apresentado durante o intervalo da partida contra o Juventude, pela Copa do Brasil.

    Para anunciar o reforço, o clube utilizou referências criativas: em um vídeo, mostrou uma torta holandesa, sobremesa popular no Brasil, uma camisa laranja, cor da seleção da Holanda, e uma pessoa com os dedos nos ouvidos, lembrando a famosa comemoração de Memphis.

  • Penalty comemora a chegada de novos atletas e técnicos

    Penalty comemora a chegada de novos atletas e técnicos

    Treinadora do E.C. Taboão é uma das novas estrelas da Penalty

    Consolidando seu compromisso com o esporte e o desenvolvimento de atletas de alta performance, a Penalty anuncia a contratação de quatro grandes nomes para integrar ao grupo de atletas patrocinados pela marca: Keyt Alves, André Deko, Ricardinho e Cris Souza. Essa iniciativa reforça a presença da Penalty como uma marca líder em apoio ao esporte e na promoção de talentos nacionais.

    Cris Souza, técnica do Magnus Taboão e eleita a melhor do mundo em 2020, é mais uma adição de peso. Com uma trajetória marcada por vitórias em campeonatos nacionais e internacionais, Cris é a idealizadora do projeto Magnus Taboão, que além de formar atletas na categoria de base, desenvolve uma ação social que já beneficia mais de 300 meninas. Cris também será uma figura central em eventos promovidos pela marca e na criação de conteúdos para o programa “Na Quadra”. 
     

    Keyt Alves é líbero do Sesi Vôlei Bauru, possui mais de quatro milhões de seguidores nas redes sociais, e assinou contrato de 12 meses com a Penalty. Keyt, que utilizará acessórios e roupas da marca, também se compromete a produzir conteúdo exclusivo e participar de eventos, ampliando ainda mais sua conexão com os fãs e fortalecendo a presença da Penalty no universo digital.

    Outro reforço importante é André Deko, goleiro do Magnus Futsal, eleito o 6º melhor do mundo, na posição, em 2021. Com contrato válido até julho de 2026, Deko utilizará os produtos Penalty tanto em treinos quanto em jogos. Além disso, o atleta estará envolvido na criação de conteúdos como dicas para goleiros e participações no projeto *Na Quadra*, uma iniciativa da marca voltada ao incentivo de professores de Educação Física.

    A Penalty também celebra a chegada de Ricardinho, atual técnico do Magnus Futsal. Com uma carreira brilhante como atleta, Ricardinho fez a transição para a função de técnico, levando o time de Sorocaba a conquistar os principais títulos nacionais e internacionais. Mais do que um embaixador da marca, Ricardinho será uma voz ativa no projeto “Na Quadra” e participará de eventos que visam apoiar e inspirar a nova geração de atletas. Seu contrato é válido até dezembro de 2025.


     

    “Essas contratações refletem a nossa missão de apoiar e desenvolver o esporte no Brasil, nas próximas gerações, além de valorizar profissionais que são referência em suas áreas”, afirma Alexandre Lobo, Gerente Executivo de Marketing e Relações Esportivas da Penalty

    Sobre a Penalty

    Fundada em 1970, a Penalty é uma marca 100% brasileira especializada no desenvolvimento e produção de artigos esportivos. Com três unidades fabris (duas na Bahia e uma na Paraíba), dedicadas à fabricação de bolas, calçados, confecção e acessórios, a empresa se destaca como a maior comercializadora de bolas no Brasil. Referência mundial no setor, a Penalty oferece produtos para 22 modalidades esportivas distintas e possui distribuição em países da África, América do Sul e Central, Ásia e Europa. Patrocinadora de equipes e atletas de destaque, a Penalty reafirma seu compromisso com a qualidade e inovação no esporte.