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Apesar das incertezas que cercaram o mercado global de arte nos últimos dois anos, especialistas do setor preveem um crescimento nos próximos 12 meses em relação às perdas registradas durante a pandemia de covid-19. De acordo com o estudo Global Art Market Outlook da ArtTactic, com sede em Londres, dos 129 especialistas que participaram da pesquisa, 47% acreditam no crescimento do setor nos próximos seis meses, enquanto apenas 11% esperam um declínio de vendas.

Jovens artistas contemporâneos ganharam a maioria dos votos de confiança, com 75% dos entrevistados afirmando que artistas com menos de 45 anos serão os responsáveis pela expansão do setor nos próximos meses. Cerca de 50% dos especialistas acreditam que artistas contemporâneos de primeira linha e já estabelecidos no mercado serão os mais cotados.

A previsão segue a tendência observada em 2021. No ano passado, o mercado de jovens artistas contemporâneos atingiu resultados sem precedentes. As vendas nesta categoria das três principais casas de leilões Christie’s, Sotheby’s e Phillips geraram US$ 395 milhões, mais que o dobro dos US$ 131 milhões em 2020 e US$ 195 milhões em 2019. Nos últimos três anos, mais de 800 jovens artistas estiveram presentes em leilões internacionais, de acordo com a ArtTactic. “Com uma nova base de colecionadores jovens surgindo, muitos impulsionados pelas redes sociais, há um novo mercado em desenvolvimento”, declarou a Maddox Gallery, de Londres.

O otimismo do setor pode ser observado nas cerca de 70 feiras de arte acontecendo mundo afora em 2022, como listou o site americano Artnet. Em São Paulo, maior polo cultural da América Latina, são três grandes feiras só no primeiro trimestre. A ArtSampa, dos mesmos organizadores da ArtRio, tem sua primeira edição na Oca, no Parque do Ibirapuera, entre 16 e 20 de março. Maior feira de arte sulamericana, a SP-Arte vai para a sua 18ª edição, no Pavilhão da Bienal, entre 06 e 10 de abril. De 1º e 5 de junho, a cidade será palco de três eventos culturais acontecendo simultaneamente: a Feira do Livro de SP, o Mercado de Arte e Design (Made) e a nova feira de arte Arpa. Todos eventos com um denominador comum: apresentam, em sua maioria, mostras de artistas jovens contemporâneos. 

“Existe um fortalecimento do setor, com crescimento em número de galerias e expansão de um colecionismo desmistificado. Com isso, novas iniciativas de feiras e paralelas surgiram para um mercado de tendência otimista”, diz a galerista Jully Fernandes, da Babel SP, que destaca o artista plástico FLIP (Felipe Yung), com a mostra Pareidolia, nesta edição da SP Arte. “Dificilmente um paulistano não reconhece a arte do FLIP, que é parte da história do graffiti nacional e ajudou a democratizar a arte contemporânea urbana para toda uma geração”, fala. Em 2019, o artista pintou, no centro da cidade, um mural considerado o maior projeto de arte urbana do mundo, mais de 10 mil metros quadrados de graffiti batizado de Aquário Urbano. “Muitos da nova geração de colecionadores, que têm entre 25 e 45 anos, começaram apreciar arte através de graffiti nas ruas. Eles reconhecem e valorizam artistas urbanos e esperam ver essas obras também em galerias de arte”, afirma FLIP, com individual na Babel até 28 de maio.

Enquanto a arte moderna e pós-guerra caíram 8% e 4% retrospectivamente, o mercado de arte contemporânea teve um desempenho histórico no primeiro semestre de 2021, com crescimento de 50% em relação ao primeiro semestre de 2019, antes pandemia. No ranking de artistas campeões de vendas no ano passado, o norte-americano KAWS, conhecido por suas pinturas, graffitis e esculturas, aparece em primeiro lugar, com 1.682 peças vendidas em leilão, seguido pelo japonês Takashi Murakami, com 1.591 peças leiloadas.