Velocista acreana, uma das quatro cegas do mundo a correr a distância em menos de 12s, melhorou sua própria marca durante competição que reúne 324 inscritos neste sábado, 25, e domingo, 26, no CT Paralímpico, em São Paulo; atleta ainda competirá nos 200m
A velocista acreana Jerusa Geber, 40, da classe T11 (cegas), quebrou o recorde mundial dos 100m durante a 1ª Fase Nacional do Circuito Loterias Caixa de atletismo, competição que reúne 324 atletas na pista e no campo do Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, neste sábado, 25, e domingo, 26.
Medalhista em três edições de Jogos Paralímpicos (Pequim 2008, Londres 2012 e Tóquio 2020), Jerusa completou a distância em 11s83 na manhã deste sábado e melhorou sua própria marca de 11s85, feita também no CT Paralímpico, em setembro de 2019. O Circuito atende a todos os critérios estabelecidos pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla inglês), mas o recorde da acreana ainda necessita ser homologado pela World Para Athletics (WPA), entidade que rege o atletismo paralímpico mundial.
Havia quatro anos nenhuma velocista cega fazia os 100m em menos de 12s. Na história, além da acreana, apenas as chinesas Cuiqing Liu e Guohua Zhou, além da britânica Libby Clegg conseguiram tal feito. Outras duas atletas do Brasil chegaram perto: a paranaense Lorena Spoladore, que registrou o tempo de 12s02, em 2019, e a mineira Terezinha Guilhermina, que terminou a distância em 12s10, nos Jogos Paralímpicos do Rio 2016.
“Estava perseguindo o recorde já no Grand Prix de Marrakech [Marrocos], início de março, que foi a primeira competição do ano. Mas era para conseguir aqui, na minha casa. Eu gosto muito desta pista e me sinto bem nela”, disse a atleta, representante do Time Nauru/SP e que nasceu totalmente cega. “Agradeço muito ao meu treinador e marido, Luiz Henrique Barboza, que faz aniversário neste sábado. Foi um presente para ele. Também sou grata ao meu guia Gabriel Garcia. Eles fazem parte desta conquista”, completou a velocista, bronze nos 200m T11 nos Jogos Paralímpicos de Tóquio. Jerusa ainda disputará os 200m, na manhã deste domingo, no Circuito.
Outro medalhista na última edição dos Jogos, o paraibano Petrúcio Ferreira, bicampeão paralímpico e recordista mundial nos 100m da classe T47 (atletas com deficiência nos membros superiores), também correu no Circuito e terminou a prova, transmitida pelo YouTube e Facebook do CPB, em 10s61. São 32 centésimos acima da sua melhor marca (10s29), feita também em São Paulo, em março de 2022.
“O ano está só começando e gostei do meu tempo. Em outras temporadas, comecei com marcas piores. Para o Mundial de [atletismo paralímpico] de Paris, devo estar mais próximo do meu melhor”, completou o paraibano, do Esporte Clube Pinheiros/SP, ao se referir à competição que acontecerá entre os dias 8 e 17 de julho deste ano, na capital francesa.
O Circuito é idealizado e organizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), com o objetivo de melhorar o nível técnico das quatro modalidades nas quais a entidade também atua como confederação (atletismo, halterofilismo, natação e tiro esportivo). As disputas do evento unem atletas de elite e promessas do paradesporto nacional. Neste ano, já houve a realização da 1ª Fase de halterofilismo, também no CT Paralímpico, e de tiro esportivo, no Rio de Janeiro.
As provas da 1ª Fase Nacional do Circuito Loterias Caixa de atletismo continuam na tarde deste sábado e manhã deste domingo, em São Paulo. Entre os dias 30 de março e 1º de abril, o CPB organizará outra competição da modalidade, o Open Internacional de atletismo, novamente no CT Paralímpico.
Patrocínios
O atletismo é uma modalidade patrocinada pelas Loterias Caixa e pela Braskem.