Veículos parados em estacionamentos de delegacias das Polícias Civis e Militar são um problema recorrente para o meio ambiente, saúde e economia. A Secretaria de Segurança Pública do Estado do Paraná, por exemplo, gasta mais de R$ 5 milhões de reais por mês para locação dos 33 pátios onde acautela cerca de 30 mil veículos, de acordo com a instituição. Em São Paulo, até outubro de 2021, 9 mil veículos apreendidos pela Polícia Civil estavam parados em dois pátios aguardando autorização da Justiça para serem leiloados, de acordo com o Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap). Enquanto aguarda autorização judicial, o estado paga aluguel para guardar automóveis. Só nos últimos dois anos foram gastos R$ 15 milhões.
A maioria dos automóveis foi apreendida há anos e permanece sem destinação adequada. Os espaços, que deveriam ser usados exclusivamente como estacionamento, acabam se tornando grandes depósitos de peças em decomposição, o que leva à proliferação de vetores de doenças, como o mosquito da dengue, além de se tornarem locais propícios para roedores e serpentes. Para resolver o problema, ações de sustentabilidade tentam agilizar o processo e auxiliar o poder público. Uma delas é o leilão verde, que promove vendas para limpar os pátios das delegacias. Além de proteger a saúde da população, acaba indiretamente ajudando a economia local.
“É urgente a realização de leilões verdes para reduzir os custos de armazenagem do Estado, eliminar focos de doenças e sobretudo interromper o dano ao meio ambiente, causado também por agressão ao solo pela ferrugem e vazamento de fluidos, como óleo e combustível”, diz Helcio Kronberg, leiloeiro público oficial, que desde 2021 promove ações ambientais para esvaziar os estacionamentos das delegacias. Somente em 2021 foram mais de 10 mil veículos leiloados e retirados dos pátios de várias cidades no Paraná. O leiloeiro agora começa a atuar também em São Paulo com o mesmo objetivo.
Impacto social
Segundo o leiloeiro, uma política de responsabilidade socioambiental é um comprometimento assumido, antes de tudo, com a sociedade. Além de reduzir os custos do poder público, a ação também gera vantagens para a economia local, com a reciclagem de materiais, pois raramente esses veículos estão em condição de retorno à circulação, mas podem servir para a reciclagem de plásticos e materiais ferrosos. “Esses leilões não geram praticamente nenhum lucro financeiro, mas o interesse da ação é manter a cidade limpa, ajudar o Estado e exercer a cidadania”, afirma.