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O treinador mental para atletas de alta performance, Lincoln Nunes, revela as razões para o sucesso dos treinadores lusitanos nos gramados brasileiros

A “invasão portuguesa” de técnicos de futebol não é mais uma novidade no Brasil. Desde 2019, com a chegada de Jorge Jesus ao Flamengo, os ventos da terrinha começaram a bater mais forte por aqui.

Aliás, naquele ano, as conquistas da Copa Libertadores e Campeonato Brasileiro por um estrangeiro dirigindo um clube de massa sacramentou algumas verdades até então não mencionadas pela imprensa esportiva.

Para o treinador mental para atletas de alta performance, Lincoln Nunes, a primeira delas é:

“o futebol brasileiro precisava de novas ideias, algo que não estava acontecendo e os próprios brasileiros que propunham essas concepções não eram bem recebidos. Quando aceitos, não conseguiam implementar os planos com clareza”.

Foi nesse passo que outro representante do outro lado do Atlântico chegou e também conseguiu grandes êxitos por aqui.

“Basta observar que em tão pouco tempo o Abel Ferreira chegou ao Palmeiras e já conquistou duas libertadores e tem no próximo mês a chance de ganhar o mundial. É um feito notável que merece ser destacado”, comenta o treinador.

Agora, o Flamengo inicia a temporada em busca da retomada da hegemonia alcançada com outro português no comando.

Com Paulo Sousa à frente do time, Lincoln traça as semelhanças e diferenças entre estes profissionais que encantaram os torcedores brasileiros:

“Apesar de virem supostamente da mesma escola de futebol, os treinadores diferem em esquema tático e ideia de jogo. Porém, quando colocamos a mentalidade esportiva na balança, eles são muito parecidos. Se colocarmos Jesus, Abel e até mesmo o recém-chegado Sousa, todos falam abertamente sobre mentalidade esportiva. Ambos têm o que chamamos na psicologia esportiva de ‘mentalidade de crescimento’, uma teoria desenvolvida pela doutora em psicologia de Harvard, Carol Dweck. Por exemplo, um time com mentalidade de crescimento aflorada não se acomoda numa vitória ou um título, está sempre em busca de mais… em evolução”.

Além disso, Lincoln destaca que os treinadores portugueses são completamente centrados na parte comportamental, isso no coletivo e principalmente no individual.

“Qualquer desvio nesse sentido compromete a arma principal de qualquer time: a performance. Por isso, vimos pontos biométricos instalados, telões nos campos de treinamento, refeições compartilhadas e por aí vai. Enfim, são táticas que contemplam a mentalidade de grupo e que refletem diretamente no desempenho lá na frente”, acrescenta.

Com relação aos treinadores brasileiros, Nunes reforça suas qualidades:

“Cuca acabou de conquistar o campeonato brasileiro e a Copa do Brasil, o que confirma que existem inúmeros bons treinadores aqui. Porém, os novos treinadores também precisam de mais espaço para mostrar o seu trabalho, como Maurício Barbieri no RB Bragantino ou Roger Machado. Além de profissionais da América do Sul e os novos rostos da Europa, como António Oliveira. Na minha visão, esse intercâmbio só proporciona coisas positivas ao nosso futebol, um caminho comum das principais ligas do mundo, como a Premier League, La Liga e tantas outras”, detalha

Para que os técnicos brasileiros estejam no mesmo nível dos portugueses, o preparador mental ensina o caminho:

“Algo que indicaria aos treinadores nacionais é o princípio da modelagem. Ou seja, modelar os princípios e as virtudes que eles trouxeram ao país. O técnico que entende o ser humano, a capacidade do trabalho mental e comportamental aumenta a performance no individual e coletivo”, completa.

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