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Com sede na Mooca, tradicional reduto italiano de São Paulo, a equipe fez sucesso com bom desempenho esportivo e social durante a primeira participação na principal competição de categorias de base do Brasil

Há, na Mooca, tradicional bairro paulistano conhecido por ser reduto de italianos, um time de raiz oriental sem a tradição do Juventus-SP, mas que chamou a atenção na partipação na Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2022. Trata-se do Ibrachina FC, uma equipe jovem, criada em 2020, durante a pandemia, e filiada à Federação Paulista de Futebol (FPF) há apenas sete meses. Não tem a fama e a grandeza dos rivais, mas se destacou em sua primeira participação no maior torneio de base do futebol brasileiro. Ganhou com sobras as suas três primeiras partidas e avançou invicta à segunda fase, de onde acabou eliminado, nos pênaltis, para o Oeste-SP.

O jovem clube é criação do Instituto Sociocultural Brasil China (que dá o nome ao time de Ibrachina), concebido, segundo dizem seus fundadores, com a ideia de “fortalecer a integração entre os povos do Brasil e da China, consolidar as raízes chinesas em solo brasileiro e disseminar a cultura nacional entre os chineses”. O seu estádio, a Ibrachina Arena, é uma das sedes da Copinha de 2022. É um local acanhado, quase sem espaço nas arquibancadas, sem tribuna de imprensa, mas com boa estrutura para os garotos que almejam ser profissionais.

O Ibrachina nasceu como escolinha de futebol. Onde hoje é o estádio, funcionava a escolinha do Orlando City e o projeto social ligado ao instituto. O complexo também era alugado para eventos sociais, culturais e esportivos, como torneios de masters que reunia craques do passado. Foi em um desses eventos que surgiu a ideia de criar uma equipe de alto rendimento.

“Minha empresa fez esse evento com Vampeta, Dinei, Basílio. Quando acabou o evento, eu fui no escritório do Henrique e sugeri a ele transformar o projeto social em um time de alto rendimento”, conta o diretor de futebol Gilberto Tavares, o Giba, ex-jogador de carreira abreviada por lesões com passagem pelo Santos, e filho do também ex-futebolista Gilberto Sorriso.

Para formar a equipe para o torneio nacional, foi necessário buscar jovens de quatro frentes: projetos sociais organizados pelo instituto homônimo, a escolinha que antes existia na Ibrachina Arena, tradicionais peneiras e por meio de uma parceria com clubes grandes, que cederam atletas por empréstimo. No movimento contrário, a equipe também já negociou atletas com Palmeiras e Corinthians.

“A contrapartida é a vitrine, a exposição. Muitas vezes, existem jogadores que não têm espaço em grandes times”, diz Henrique Law.

O empresário conversou com a reportagem em sua sala presidencial, de frente para o campo. Seu irmão, Thomas Law, administra o instituto, e ele, o time. Os dois são filhos de Law Kin Chong, considerado o “Rei da 25 de Março” e apontado pela Polícia Federal (PF) no passado como um dos maiores contrabandistas do país.

Law diz que o dinheiro investido nas três categorias de base da equipe — sub-15, sub-17 e sub-20 — sai do seu bolso e da ajuda de empresas parceiras que patrocinam o clube. O empresário não considera alto o investimento para montar o grupo da Copinha. “Pegamos muitos jogadores por empréstimo. Isso ajudou”, lembra. Todos os jogadores têm contrato. Eles possuem planos de saúde, alimentação, acompanhamento médico, fisiologista e moram no alojamento do clube, próximo ao estádio. Os salários variam entre R$ 2 mil e R$ 20 mil.

“O intuito aqui é desenvolver o atleta. Ele não está aqui para ganhar dinheiro”, ressalta Tavares.

“A gente vai começar a colher os frutos”, confia Law. “O projeto está dando retorno. Estamos falando da nossa primeira aparição na Copa São Paulo. Classificamos com 100% de aproveitamento e somos uma das sedes”, orgulha-se o dirigente. Apesar do que pode chamar de sucesso precoce, ele não pensa, por enquanto, em montar um time profissional.

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