Histórias, referências e origens das 18 curvas de um dos maiores templos do automobilismo
Palco do início da maior categoria do automobilismo mundial, Silverstone já foi uma pista de pouso e aeroporto militar antes de se transformar em autódromo. Você sabe o nome e a origem das curvas de um dos maiores templos do esporte?
De aeroporto à autódromo
O local, onde hoje se encontra o autódromo de Silverstone, era uma base aérea da Força Aérea Britânica (RAF) durante a II Guerra Mundial, situado entre as pequenas vilas de Whittlebury e Silverstone. A partir de 1948, passou a ser palco de corridas, que usavam parte das pistas de pouso/decolagem.
Em 13/05/1950, o circuito recebeu a primeira corrida da história da Formula 1 e, após revezamentos com Aintree e Brands Hatch, se fixou como sede do GP da Grã-Bretanha nos anos 1980. Sua última alteração de traçado aconteceu em 2010.
▪️ HAMILTON STRAIGHT (reta dos boxes):
Ao alcançar o 7º título mundial, Lewis Hamilton foi homenageado pelo Royal Automobile Club, gestor da pista, com o seu nome batizando a reta principal. Lewis é quem mais venceu em Silverstone na história (7x). É também o único esportista com o nome em algum trecho do circuito britânico.
▪️ABBEY (Curva 1):
A primeira curva do traçado de Silverstone tem seu nome ligado a Abadia de Luffield (Luffield Abbey em inglês), cujas ruínas foram encontradas próximas ao local da curva. A Abadia foi fundada próxima ao ano de 1133 e desligada pelo Rei Henry VI, no século XV.
▪️FARM (Curva 2):
Herdando o nome da antiga curva entre a Abbey e a ponte no setor final da pista, a curva hoje mantém o setor em pé embaixo com uma rápida virada para a esquerda. Seu nome é herdado de uma fazenda próxima que tinha caminhos cruzados com a reta no trecho.
▪️VILLAGE (Curva 3):
Homenageia o pequeno vilarejo de Silverstone, menos de 5 km ao norte do circuito e que batiza também o traçado, residência de pouco mais de 2.000 pessoas. A curva entrou na pista apenas em 2010.
▪️O LOOP (Curva 4):
Batizada a partir de seu formato: curva mais lenta do circuito, é quase um hairpin para a esquerda.
▪️AINTREE (Curva 5):
Sediado em Liverpool, o circuito de Aintree é a casa de uma das principais corridas de cavalos em toda a Inglaterra (alô, Peaky Blinders!), e também sediou nos anos 1950 o GP da Grã Bretanha de F1, revezando com Silverstone. Como homenagem, nomeia desde 2010 a curva 5 da pista.
▪️WELLINGTON STRAIGHT:
Poucos circuitos no mundo tem retas batizadas. Silverstone, por falta de uma, tem duas. A primeira delas, surgida em 2010 é a Reta Wellington, anteriormente Reta Nacional, e nomeada em homenagem ao avião bombardeiro Vickers Wellington, que era alocado no então aeroporto durante a Segunda Guerra Mundial.
▪️BROOKLANDS (Curva 6):
Mais uma curva a homenagear a história do automobilismo britânico: baseado em Weybridge, Surrey, o circuito de Brooklands foi um dos primeiros autódromos construídos no planeta, tendo sua inauguração em 1907. Como comparação, o Indianapolis Motor Speedway surgiu quatro anos depois, apenas em 1911. O autódromo deixou de ser usado para as corridas em 1939, por causa da II Guerra Mundial.
▪️LUFFIELD (Curva 7):
A história é a mesma da curva 1, Abbey – a homenagem a Abadia de Luffield, próxima ao local. Hoje é uma longa curva para a direita, mas antigamente era uma chincane logo após a Abbey, e o único trecho de menor velocidade no rápido traçado.
▪️WOODCOTE (Curva 8):
A curva faz referência direta ao RAC, Royal Automobile Club (Clube Real de Automobilismo), responsável direto pela organização inicial dos GPs em Silverstone e pelo batismo de grande parte das curvas do circuito. A localização do clube está no Woodcote Park, localizado em Surrey, à sudoeste de Londres. Até 2010 foi a última curva do traçado.
▪️COPSE (Curva 9):
A icônica e velocíssima curva à direita faz referência à herbologia local: cercada de muito verde, a pista de Silverstone tem em seus arredores pequenos bosques com um tipo de vegetação chamado Copses muito comum, inclusive nos arredores da curva.
▪️MAGGOTS (Curva 10):
Abrindo a clássica sequência de esses, a rápida tomada à direita é batizada após o Maggot Moor, campo vegetal próximo à curva, no vilarejo vizinho de Whittlebury. É um dos poucos trechos originais da pista de 1950, embora tenha sido encurtada em 1992.
▪️BECKETTS E CHAPEL (Curvas 11-14):
Na sequência dos esses, há uma rápida sequência para a direita e para a esquerda, feitas praticamente de pé embaixo. Elas são chamadas de Becketts. Depois, uma rápida diminuição de velocidade e outra sequência direita-esquerda, essa batizada de Chapel. O nome de ambas deriva da Capela (Chapel) de São Thomas Beckett, personagem da era medieval, construída em memória do arcebispo no local. A capela seria demolida para a construção do aeroporto militar em 1943.
▪️HANGAR STRAIGHT:
Sendo um aeroporto militar, Silverstone possuía diversos Hangares, com os dois principais sendo montados exatamente onde hoje é a Reta do Hangar.
▪️STOWE (Curva 15):
Outra icônica e desafiadora curva do traçado, a rápida tomada à direita é batizada pela clássica Escola Stowe, localizada próxima a curva, à sul do circuito, na vila homônima. É um dos principais pontos de ultrapassagem do traçado.
▪️VALE (Curva 16):
O nome tem duas interpretações. Como era uma pista de pouso, Silverstone tem como característica ser um circuito quase todo plano, com exceção ao espaço entre as curvas Stowe e Club, onde se encontra justamente a Vale, diminutivo para Valley em inglês. A outra origem está ligada ao distrito próximo ao setor da pista, Aylesbury Vale.
▪️CLUB (Curvas 17 e 18):
Junto com a Woodcote, também homenageia o Royal Automobile Club, por sua vez fazendo referência à localidade do RAC em Pall Mall, Londres. Já foi uma curva de muita velocidade, mas hoje forma a junção de curvas à direita logo antes de fechar a volta.