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A maternidade é um momento de extrema importância para a mulher. Seja durante a gravidez ou nos primeiros meses de vida da criança, essa nova conjuntura necessita, mais do que qualquer outra coisa, do vínculo alicerçado entre mãe e filho. E esse interim é revelado por muitas singularidades.

As mudanças em relação à maternidade têm afetado inclusive a demografia no Brasil. Conforme dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para o ano de 2020, houve redução da maternidade na adolescência, onde somente 13,4% das novas mamães tinham até 20 anos. Contudo, aumentou em mulheres acima dos 30 anos, com um avanço 34,2%.

Diante de tantas particularidades, há dúvidas que precisam ser sanadas. Seja em relação à infertilidade, doenças genéticas, pacientes bariátricos e oncológicos, e até mesmo para aquelas mães que sofrem de escoliose, estar diante de respostas precisas tem se tornado um grande desafio.

Conhecer um pouco mais sobre essas comorbidades e como elas afetam a rotina durante a maternidade se faz preciso no planejamento familiar.

Causas da infertilidade

A infertilidade pode ser ocasionada pela diminuição natural da função ovariana. Ela começa por volta dos 35 anos e se acelera após os 37. “Com o aumento da infertilidade, há também um acréscimo no índice de abortamento”, explica o Dr. Alessandro Schuffner, especialista em reprodução assistida.

Há outros fatores que podem causar a infertilidade, como as lesões nas tubas uterinas, a endometriose, dentre outros fatores como o cervical, uterino e imunológico. “Muitas são as pessoas que se atentam apenas à infertilidade feminina, mas ela acomete também os homens. Podem ocorrer devido às infecções, obstruções anatômicas, alterações na produção dos espermatozoides, varicocele, disfunções hormonais, ejaculação retrógrada, além do fator imunológico, dentre outros”, acrescenta o especialista.

O problema pode ser investigado com exames de ultrassonografia para detectar as causas, avaliação hormonal e testes genéticos.

Doenças genéticas

A gravidez é uma situação que altera toda a fisiologia do corpo da mulher. Estar grávida pode até mesmo piorar comorbidades pré-existentes, como as doenças genéticas que são inúmeras. Algumas causam infertilidade, porém, a mais comumente acompanhada na gestação é a trombofilia hereditária.

“O grupo das cardiopatias não pode ser negligenciado de jeito algum. Os cuidados devem ser redobrados durante a gravides, pois são as doenças que afetam o coração. Os meses de gestação podem ser complicadores no que se refere ao problema cardíaco preexistente. E uma gestação pode ser potencialmente fatal”, alerta o geneticista Dr. Caio Brazuca.

Alguns cuidados básicos, como exames para detectar tais pré-disposições às doenças genéticas, precisam ser realizados. “Os meses de gestação necessitam de um acompanhamento com cuidado mais próximo quando a mulher possui alguma pré-disposição às doenças genéticas.”, exemplifica o geneticista.

Pacientes bariátricos

A obesidade cresce em números alarmantes em todo o mundo e é uma doença considerada crônica. No Brasil ela é mais comum em mulheres.

Muitas dúvidas acarretam a vida de quem sofre com a obesidade, entre elas, quanto à cirurgia bariátrica e uma futura gravidez. “Ao contrário do que se pode parecer, a cirurgia bariátrica em mulheres não impede, nem atrapalha, uma futura gravidez. Na verdade, ela beneficia uma gestação mais saudável”, explica o cirurgião bariátrico Dr. Fábio Strauss. O que ocorre? Durante a obesidade a fertilidade tende a diminuir. Quando a paciente faz a cirurgia bariátrica, essa fertilidade volta a aumentar.

Há um ponto que precisa ser esclarecido: o tempo de espera após a cirurgia para que a mulher fique grávida. Ele deve ser de, no mínimo, um ano. “Quando se respeita esse intervalo de tempo, a paciente bariátrica terá todas as condições de vivenciar uma gestação tranquila. O único cuidado especial estará relacionado à reposição de ferro”, expõe o cirurgião bariátrico.

Câncer de tireoide

Pessoas que desejam engravidar precisam estar atentas a esse tipo de neoplasia, uma vez que ele é o quinto entre as mulheres. “Mulheres durante a gravidez, após a gestação e acima dos 50 anos, por questões hormonais, estão mais predispostas a apresentar nódulos na tireóide”, explana o oncologista e cirurgião de cabeça e pescoço Dr. Rafael De Cicco.

O câncer, por si só, é uma doença cujo tratamento exige muito da pessoa. O tumor na tireoide é um dos mais simples a ser tratado. Contudo, dentre os nódulos podem surgir tumores malignos.

Caso seja diagnosticado um câncer na glândula tireoide durante a gravidez, a conduta médica vai depender do período da gestação. O momento mais crítico, onde devem ser evitados procedimentos mais invasivos ou cirúrgicos, é durante os primeiros três meses de gravidez, quando o feto está em formação. Depois do quarto mês, o tratamento cirúrgico, de maneira geral, pode ser realizado.

“O câncer de tireoide, por ser um tumor geralmente menos agressivo, nos possibilita acompanhar o mesmo com exames periódicos a cada três meses, e tratar através da cirurgia após o nascimento do bebê, sem causar nenhum prejuízo à mãe e ao filho”, informa o oncologista.

Pacientes com escoliose

As alterações nas colunas tendem a assustar vários pacientes. E no caso das mulheres, esse medo se sobressai quando a mesma pretende passar pela gravidez.

A escoliose, como se sabe, é uma alteração que gera uma curvatura na coluna. Existem diversas causas para seu aparecimento, mas a mais comum é a idiopática, ou seja, sem causa definida. “A escoliose, em sua grande maioria, é tratada clinicamente e sem cirurgia. O desvio ainda pode ser presente, mas ele não progride mais”, relata o fisioterapeuta Dr. Rodrigo Fazio.

Essa comorbidade não é impeditiva para uma gestação. Apenas necessita-se de alguns cuidados especiais e acompanhamento com o obstetra, ortopedista e fisioterapeuta.

“Realizar um trabalho de fortalecimento e melhora da postura antes da gestação é uma saída. Quanto ao tratamento, caso a mulher apresente dor e desconforto na coluna vertebral durante a gravidez, a evolução deve ser assistida e tratada durante a gestação, preferencialmente após o primeiro trimestre”, finaliza o fisioterapeuta.