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O investimento em especialização foi a escolha de milhões de profissionais brasileiros durante a pandemia de Covid-19. A informação é resultado de uma análise elaborada pelo Instituto Semesp, entidade que representa as mantenedoras de ensino superior no país, que demonstra que o número de matriculados em cursos de pós-graduação foi de 1,3 milhão, uma alta de 4,8% em 2021 na comparação com 2019, pré-pandemia. A busca por cursos de graduação, por outro lado, caiu 5% no período analisado. 

Segundo a entidade, a categoria de mestrado e doutorado cresceu 18,1% no último ano, com 441 mil matrículas. Entre 2019 e 2020, a categoria sofreu uma redução de 1,7%.

Na análise de Lucas Eustáquio de Paiva Silva, coordenador dos cursos de pós-graduação EaD (Educação a Distância) da Faculdade Famart, o crescimento de 4,8% na busca por cursos de pós-graduação, com destaque para o formato híbrido e remoto, se deve a dois principais fatores: o isolamento social propiciado pela pandemia de Covid-19 e à constante busca por especialização por profissionais, principalmente na área de Educação.

“Em primeiro lugar, o contexto da Covid-19, sobretudo, o efeito pandêmico do isolamento social, contribuiu diretamente na busca por cursos de pós-graduação”, afirma. “Em um grande período, entre 2020 e 2021, as faculdades e centros universitários não puderam trabalhar de forma presencial, tendo que se adaptar, em tempo hábil, ao ensino remoto e, posteriormente, ao ensino híbrido”.

Nesse contexto, avalia o profissional, o ensino a distância, já adaptado e em pleno funcionamento, foi uma opção viável e fundamental na busca de formações lato sensu. “Em segundo lugar, houve a busca constante de especialização, principalmente na área da Educação, pois muitos professores precisaram aprender uma nova metodologia de ensino para se adequarem às aulas em formato remoto”. 

Interesse por cursos EaD cresce no Brasil

Para Silva, a necessidade do isolamento social, neste período de crise sanitária, contribuiu para a maior procura por cursos à distância. “Segundo o Censo de Educação Superior do Inep, o interesse pelo ensino remoto aumentou durante a pandemia, enquanto o presencial reduziu. A necessidade de isolamento social contribui muito para o aumento das buscas de cursos no formato digital”.

Com efeito, a modalidade de educação remota na esfera pública e privada recebeu mais matrículas do que a presencial em 2020, conforme dados do Censo da Educação Superior 2020, divulgado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e pelo MEC (Ministério da Educação). 

“Trata-se de um marco histórico: foi a primeira vez que o Brasil registrou um ingresso maior de alunos nos cursos EaD em relação aos cursos presenciais”, afirma o profissional. “Em 2019, esse feito já havia sido observado na rede privada. Em 2020, primeiro ano da pandemia, foram mais de 3,7 milhões de ingressantes no Ensino Superior, sendo que mais da metade (53,4%) optou por cursos a distância”, reporta, em referência a dados do Inep.

O coordenador dos cursos de pós-graduação EaD da Faculdade Famart destaca que, enquanto instituições de ensino que possuíam apenas cursos em formato presencial precisavam de uma curva de aprendizado para se adaptar, as instituições de Ensino à Distância já estavam prontas para atender aos alunos que precisavam buscar por esse formato na pandemia.

“Percebemos também o aumento das transferências de alunos de instituições de ensino presencial para as de EaD. Houve um aceleramento nesse período e a expectativa para 2022 é que o número de estudantes de cursos de pós-graduação EaD aumente”, diz.

EaD no futuro pós-pandemia

Para Wanderson Clayton Fontella Francisco, reitor da Faculdade Famart, a crise sanitária proporcionou que muitos estudantes percebessem que a qualificação remota pode oferecer tantas vantagens quanto o ensino presencial, como a flexibilidade de horários, valores mais acessíveis, acesso de forma facilitada aos materiais de estudos, bibliotecas virtuais e a possibilidade de realizar networking com profissionais de diversos estados do Brasil.

De fato, 38% dos brasileiros declararam interesse em iniciar um curso universitário no primeiro semestre de 2021, sendo que 46% manifestaram interesse no ensino remoto, conforme a sondagem “Coronavírus e Educação Superior: o que pensam os alunos”, realizada pela Educa Insights com a cooperação da ABMES (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior). A pesquisa coletou respostas de 1.102 pessoas de todo o país, com idades entre 17 e 50 anos, ao longo de 18 meses. 

“O Brasil e o mundo não são os mesmos desde a eclosão da pandemia. Com a nova realidade digital, o formato EaD deve avançar ainda mais nos próximos anos, com a adesão de novos estudantes que procuram cursos com valores acessíveis, em busca de um futuro melhor”, conclui Fontella.

Para mais informações, basta acessar: https://www.famart.edu.br/