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As mídias japonesas inundaram o imaginário brasileiro desde o boom dos mangás, animes e games, no final do século XX. Muitos foram os que cresceram cercados pelas influências japonesas e se apaixonaram pela cultura do país. Ao contrário do ideal popular, as artes gráficas nipônicas vão muito além desses três pilares, englobando também ilustração, cinema, fotografia, design, publicidade, entre muitos outros. 

Em meio a esse cenário existem muitas mulheres à frente de grandes projetos responsáveis por transformarem as artes gráficas no Japão e, consequentemente, no Brasil também. Essa disparidade também aparece na maioria dos acervos artísticos do mundo: segundo dados das Guerrillas Girls, grupo de artistas feministas ativistas pela igualdade de gênero nas artes e meio artístico, apenas 5% das artistas na seção de arte moderna do Metropolitan Museum, em Nova York, são mulheres, mas 85% da nudez das obras é feminina. De acordo com relatório sobre a aplicação da Lei de Igualdade da Espanha, somente 26% das obras expostas em 2019 na Feira Internacional de Arte Contemporânea de Madri (Arco) eram de autoria feminina. 

Dentro do universo dos mangás, destaca-se o grupo inteiramente feminino de mangakas (ilustradoras de mangá) CLAMP, formado em meados dos anos 1980 por Nanase Ohkawa (1967), Mokona (1968), Tsubaki Nekoi (1969) e Satsuki Igarashi (1969). Elas são responsáveis pela criação de obras reconhecidas mundo afora, como Sakura Card Captors (mangá que foi publicado no Brasil e animação integrando programação de canais de TVs abertos e fechados), Chobits e Guerreiras Mágicas de Rayearth. As histórias da CLAMP revelam meninas fortes e independentes, que não tem relações amorosas como trama principal e não se apoiam em figuras masculinas. 

Já no meio cinematográfico, um dos grandes nomes é Naomi Kawase (1969), diretora que mudou a maneira de fazer cinema no Japão com apenas 23 anos. Naomi já havia experimentado a sétima arte antes, mas foi com o curta-metragem “Embracing” (1992) que se apresentou ao mundo com uma câmera em primeira pessoa trazendo temas pouco discutidos pelas mídias nipônicas. Em uma série de documentários misturados a memórias, Naomi se tornou a mais jovem diretora a ganhar o prêmio Caméra d’Or de melhor direção e revelação, no Festival de Cannes de 1997, marcando a história da indústria cinematográfica. 

Para além das vertentes artísticas, Harumi Yamaguchi (1941) revolucionou vários dos conceitos publicitários que existiam no Japão até meados dos anos 1970, criando anúncios coloridos com linhas duras e precisas, quase sempre exibindo mulheres fortes e exuberantes. As personagens de Harumi aparentam viver apenas para si mesmas e, pelo caráter de suas obras, consumindo atos ditos “não femininos” para a época: fumando, andando de skate e tomando refrigerante. 

Ao contrário de Harumi, a artista plástica Makiko Sugawa (1974) exibe traços finos e delicados em suas obras, expondo a fragilidade humana das mulheres que desenha. Inspirada pela própria história, marcada pela amputação de uma de suas pernas devido a um câncer, Makiko retrata personagens com deficiências físicas e próteses como mulheres fortes, sensuais e confiantes, tendo como maior objetivo empoderá-las, além de lutar por melhores direitos e menos discriminação para as pessoas com deficiência. 

O público pode conferir obras dessas duas últimas artistas contemporâneas na exposição gratuita e inédita no Brasil “Wave – Novas correntes nas artes gráficas japonesas”, em exibição na Japan House São Paulo, até 1° de maio, com entrada gratuita. Além delas, outros 52 artistas japoneses consagrados e novas promessas que atuam nas mais variadas vertentes das artes gráficas exibem suas criações, incluindo outras mulheres importantes para os movimentos artísticos, como Kahori Maki (1961), conhecida por utilizar elementos dramáticos para representar padrões da natureza, o que a levou a colaborar com grandes marcas como Shiseido e Levi’s; Chika Takei (1982), que cria ilustrações estilizadas com cores fortes de garotas lúdicas e extremamente expressivas, frequentemente inspiradas em personalidades do mundo pop; Mayumi Tsuzuki (1966), que, em seu trabalho, utiliza cores vibrantes para contrastar com personagens sombrios e inquietantes, refletindo assim sobre a complexidade das nossas vidas emocionais; e Mayu Yukishita (1995), que retrata jovens mulheres através de ilustrações fotorrealistas com forte traço emocional e que beiram ao sombrio. 

Serviço:
Exposição “WAVE – Novas correntes nas artes gráficas japonesas”
Japan House São Paulo – Avenida Paulista, 52, segundo andar
Período: de 22 de fevereiro a 1º de maio de 2022
Horário de funcionamento: terça a sexta, das 10h às 18h; sábados, das 9h às 19h; domingos e feriados, das 9h às 18h.
Reserva online antecipada (opcional): https://agendamento.japanhousesp.com.br/
Entrada gratuita. Obrigatoriedade da apresentação do comprovante de vacinação (visitantes acima de 18 anos com, pelo menos, 2 doses do imunizante e de 12 a 18 anos, no mínimo, 1 dose)
A exposição conta com recursos de acessibilidade.
Mais informações em www.japanhousesp.com.br