Leão e Osvaldo só mostram o que é o retrato de uma boa parte da população intolerante

Recentemente, o cenário do futebol brasileiro foi abalado por um episódio que, lamentavelmente, entrou para a história pela porta dos fundos. Em um evento promovido pela “Federação de Treinadores”, os experientes técnicos Emerson Leão e Oswaldo de Oliveira proferiram declarações de teor altamente xenófobo e isolacionista em relação à crescente presença de técnicos estrangeiros no país.

O tom das falas demonstrou uma resistência que parece alheia à realidade do futebol mundial atual, reacendendo um debate crucial sobre a globalização do futebol e o futuro do esporte no Brasil.

A Contradição Central: O Intercâmbio Global de Talentos

O cerne da crítica de Leão e Oswaldo de Oliveira reside na visão de que o mercado brasileiro deveria ser fechado a profissionais de outras nacionalidades. No entanto, o ponto mais criticado por analistas e pela própria comunidade esportiva é a flagrante contradição: muitos profissionais brasileiros, incluindo os próprios críticos, buscaram ativamente o sucesso e a remuneração em mercados externos, como os centros asiáticos e árabes.

Essa postura protecionista ignora a dinâmica moderna do esporte. A globalização do futebol é uma via de mão dupla. Se o profissional brasileiro tem o direito de exportar seu talento e conhecimento, o mercado nacional deve, eticamente, estar aberto a receber a competência estrangeira. A tentativa de criar um isolamento profissional no esporte é um sintoma de resistência a uma transformação inevitável.

O Fator Meritocracia e a Evolução Tática

Desde 2019, a chegada de técnicos estrangeiros renomados, como Jorge Jesus, Abel Ferreira e Vojvoda, provocou uma notável evolução tática e de gestão em diversos clubes. O sucesso desses profissionais não apenas conquistou títulos, mas também elevou a barra competitiva do futebol brasileiro, forçando uma atualização metodológica em toda a classe de treinadores.

O mercado, implacável e guiado pela meritocracia, provou que a competência é o fator decisivo, superando a questão da nacionalidade. A discussão deve ser centrada em resultados, metodologia e capacidade de adaptação, e não em preconceitos de origem.

Xenofobia: A Linha que Não Pode Ser Cruzada

A gravidade do episódio atinge seu ponto máximo na veiculação de um discurso com potencial xenófobo. Para um veículo como o Grupo ESPORTESNET, que preza pela ética, diversidade e pela promoção do esporte como ferramenta social, declarações que ferem a honra e a integridade de qualquer profissional com base em sua nacionalidade são inaceitáveis e merecem o mais veemente repúdio.

O Código de Justiça Desportiva e os princípios de conduta que regem o futebol mundial são claros: o esporte é um ambiente de união, onde a diversidade e o respeito mútuo devem prevalecer. A manifestação de preconceito, seja ele qual for, deve ser tratada com o rigor que a sociedade e o esporte demandam, para garantir que o profissionalismo e a inclusão sejam as únicas regras do jogo.

O caso Leão e Oswaldo de Oliveira serve como um alerta: a resistência à globalização do futebol é, na prática, uma resistência ao próprio futuro do esporte no Brasil. O mercado já escolheu a competência e a evolução tática como critérios definitivos, deixando o isolacionismo e os métodos ultrapassados fora do jogo.

Viva a pluralidade.

Deixe um comentário